(Foto: Arthur Wallace/Arquivo pessoal)
A Polícia Civil em Pará de Minas ouviu nesta sexta-feira (15) o detento Luiz Henrique Ferreira Romão, o Macarrão, considerado como um dos principais envolvidos no desaparecimento e na morte de Eliza Samúdio, ex-amante do goleiro Bruno. O assunto foi a morte do advogado Arthur Wallace Barbosa Vieira, de 45 anos, assassinado a tiros no dia 30 de junho. O profissional era responsável pela defesa de Macarrão na cidade do Centro-Oeste de MG, onde o então cliente cumpre pena em regime semiaberto na Penitenciária Pio Canedo. Durante uma hora, Macarrão falou sobre o relacionamento com o defensor. O atual advogado de Macarrão, Wasley César de Vasconcelos, afirma que o cliente não tem qualquer tipo de envolvimento no assassinato de Arthur e que ele foi ouvido em um procedimento de praxe.
O depoimento de Macarrão durou cerca de uma hora. Em entrevista à rádio "Espacial FM", o delegado regional Carlos Henrique Gomes Bueno, disse que todas as pessoas que estiveram com o advogado recentemente estão sendo ouvidas como parte da investigação, que ocorre sob segredo de Justiça.
"O Luiz Henrique era cliente do Arthur, por isso ele foi ouvido, assim como todos os outros clientes que ele tinha estão sendo ouvidos. Ele é só mais um. Nada que recaia sobre ele a suspeita de algum crime. A investigação ouve todos os clientes dele. O Macarrão disse que contratou o Arthur nas duas ou três semanas anteriores e nesse tempo o advogado acabou sendo morto. Não houve nenhuma novidade e nós conseguimos empenhados nas investigações e com certeza em breve chegaremos à elucidação desse crime", disse.
Ainda segundo o delegado, outros clientes de Arthur ainda serão ouvidos. A linha de investigação apura a participação de vários suspeitos, mas nenhum detalhe pode ser divulgado por enquanto, para não comprometer as apurações.
Defesa
Atual advogado de Macarrão, Wasley César de Vasconcelos disse ao G1 que o cliente foi ouvido em um procedimento de praxe e que isso não significa que ele seja um suspeito.
"Serão ouvidos todos os clientes do Arthur. Sem exceção. É uma praxe em homicídios sem suspeitos. Infelizmente, ao que parece, a polícia não conseguiu vincular a morte do meu grande amigo a um motivo específico. Estão trabalhando firme, mas com várias linhas de investigação. O Luiz Henrique, como todos os clientes do Arthur, serão ouvidos. Temos fé que a polícia, com sua competência, irá encontrar o culpado, que evidentemente não é o Luiz Henrique, que só tem gratidão para com o falecido", disse.
Assassinato do advogado
Arthur foi assassinado a tiros na tarde de 30 de junho de junho. Dois homens foram vistos por testemunhas quando fugiam do local, mas ninguém foi preso ainda.
De acordo com a Polícia Civil, o advogado recebeu, por WhatsApp, um áudio gravado por um suposto cliente, que dizia estar indo a Pará de Minas para pagar por um serviço prestado pelo defensor. O local do encontro seria na Rua José Correia de Amorim, perto do Parque do Bosque. A última visualização do advogado no aplicativo WhatsApp foi registrada às 15h43, minutos antes do crime.
Peritos constataram que a vítima morreu com um tiro na cabeça, outro entre o ombro e o peitoral, dois nos braços e dois nas axilas. Os investigadores trabalham com a possibilidade da morte de Arthur ter sido encomendada.
A Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) lamentou o assassinato do profissional e disse que acompanha as investigações, inclusive com o empenho de especialistas criminais.
(Foto: Alex Araújo/G1 MG)
Advogado de Macarrão
Arthur Wallace Barbosa Vieira passou a atuar na defesa de Macarrão depois após o criminoso ter sido transferido para o Pio Canedo pela Secretaria de Estado de Defesa Social (Seds), no dia 3 de junho. Ele estava na Penitenciária Nelson Hungria, em Contagem, mas o complexo não aceita o regime semiaberto, por isso a defesa do preso pediu a transferência para Pará de Minas.
Wasley César de Vasconcelos, advogado nomeado para defesa de Macarrão, foi quem pediu apoio de Arthur no caso. "Eu sou de Belo Horizonte e a execução do processo foi transferida para Pará de Minas. Quando isso ocorreu eu mesmo pedi a ele que ficasse do meu lado na execução penal. Ou seja, estávamos trabalhando juntos. Ressalto que foi uma execução covarde e fria. Arthur era um advogado sem nenhuma mancha na vida pessoal ou profissional", destacou.
Transferência de Macarrão
Macarrão ganhou o benefício da Justiça no dia 1º de junho. Na ocasião o advogado dele, Wasley César de Vasconcelos, disse ao G1 que pediu a transferência à Justiça para que o cliente pudesse ficar mais perto de parentes que moram em Pará de Minas. Ele tentou fazer com que Macarrão saísse da prisão todas as tardes para trabalhar.
nunca foi encontrado (Foto: Reprodução/TV Globo)
Caso Eliza Samudio
Eliza desapareceu em 2010 e o corpo dela nunca foi encontrado. Ela tinha 25 anos e era mãe do filho recém-nascido do goleiro Bruno, de quem foi amante. Na época, o jogador era titular do Flamengo e não reconhecia a paternidade.
Em março de 2013, Bruno foi considerado culpado pelo homicídio triplamente qualificado, sequestro e cárcere privado da jovem. Ele foi sentenciado a 22 anos e três meses de prisão pela morte e ocultação do cadáver de Eliza, além do sequestro do filho da jovem.
A ex-mulher do atleta, Dayanne Rodrigues, foi julgada na mesma ocasião, mas foi inocentada pelo conselho de sentença. Macarrão e Fernanda Gomes de Castro, ex-namorada do atleta, já haviam sido condenados em novembro de 2012.
O ex-policial Marcos Aparecido dos Santos foi condenado a 22 anos de prisão. O último júri do caso foi realizado em agosto de 2013 e condenou Elenilson da Silva e Wemerson Marques, o Coxinha, por sequestro e cárcere privado do filho de Eliza Samudio com Bruno. Elenilson foi condenado a 3 anos em regime aberto e Wemerson a dois anos e meio também em regime aberto.