A ministra Marina Silva, do Meio Ambiente, disse nesta quinta-feira (20) que ligou para John Kerry, representante do governo norte-americano, para agradecer pela intenção de contribuição de US$ 500 milhões para o Fundo Amazônia.
Kerry é assessor especial dos Estados Unidos para assuntos do clima. De acordo com Marina, a contribuição, não só para o fundo, mas para toda a área ambiental, pode crescer no futuro.
Segundo a ministra, Kerry afirmou que espera que esse compromisso inicial gere uma alavancagem para que o Brasil chegue a US$ 2 bilhões de captação para a área ambiental.
O anúncio feito pelo presidente John Biden foi de contribuição de US$ 500 milhões (cerca de R$ 2,5 bilhões pela cotação de hoje) ao longo de 5 anos para o Fundo Amazônia. Mas o país quer mobilizar recursos da iniciativa privada e da filantropia norte-americana.
A negociação para a participação dos EUA no fundo começou ainda na última Conferência do Clima (COP), no Egito.
"Segundo o que conversei com John Kerry, isso é apenas o início dos esforços para que possamos fazer uma alavancagem, segundo ele, de algo em torno de US$ 2 bilhões, somando todas as frentes de atuação, não apenas para o Fundo Amazônia", afirmou Marina em entrevista para jornalistas em Brasília.
O aporte inicial será feito após a doação ser aprovada pelo Congresso dos EUA, o que ainda não tem data definida.
“O Congresso vai aprovar a proposta do governo”, disse. “O importante é que temos os US$ 500 milhões. Todos os doadores fazem questão de dar um aporte inicial robusto.”
Biden anuncia doação de US$ 500 milhões ao Fundo Amazônia
Como funciona
A política de captação de recursos para o fundo é feita com base nos desempenhos do Brasil no combate ao desmatamento ao longo dos anos. As doações são calculadas a partir do total de toneladas de gás carbônico (CO2) que o país deixou de lançar na atmosfera com o que seria o projetado para o desmatamento no período.
A doação dos EUA é possível porque o Brasil ainda mantém um saldo de CO2 poupado que não recebeu contrapartida de nenhum doador - os maiores doadores do Fundo Amazônia atualmente são a Noruega e a Alemanha, além da Petrobras. Com isso, segundo a ministra, o Brasil tem a possibilidade de captar cerca de US$ 21 bilhões através do Fundo pelos resultados obtidos em anos anteriores.
"Com base nesse saldo, ainda que o apagão de política ambiental no governo Bolsonaro tenha feito subtração desse crédito, ainda temos um espaço positivo de captação”, disse Marina.
A ministra afirmou que o governo tem expectativa que a entrada dos EUA para a rede de contribuintes do fundo influencie a participação de outros países. “Será importante para alavancar aportes de outros países, porque quando os EUA fazem esse anúncio, motivam outros países”, afirmou.