2014 (Foto: Luciana de Freitas/Arquivo Pessoal)
Em Nova Olímpia, a 207 km de Cuiabá, estuda um adolescente que será premiado pelo terceiro ano consecutivo com uma medalha de ouro na 11ª Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas (Obmep 2015). Erick de Freitas Mascarenhas, de 15 anos, é estudante do 9º ano na Escola Estadual Wilson de Almeida.
O resultado foi divulgado na semana passada e, em Mato Grosso, mais três estudantes foram premiados com medalhas de ouro no nível 2, para alunos de 8º e 9º anos: Rafael Henrique Turra Schmidt, de São José do Rio Claro; Wender Junior Borges Campos, de Rondonópolis, e Gabriel Luiz Garbossa, de Primavera do Leste.
Ao todo, foram premiados 255 alunos mato-grossenses de escolas públicas com medalhas de ouro (4), prata (8), bronze (61) e certificados de menção honrosa (182).
A primeira vez que Erick participou da prova da OBMEP foi em 2012, quando estava no 6º ano do ensino fundamental, mas conquistou uma medalha de prata. A prova tem duas fases, sendo a primeira de múltipla escolha e na segunda o participante tem que descrever o caminho usado para chegar ao resultado do exercício. “A primeira vez que você faz a segunda fase da prova, é mais difícil, mas conseguindo passar, começa a aprender as técnicas de explicação, o que e como falar”, diz o aluno.
Depois da medalha de prata, o tricampeão ganhou uma bolsa de estudos do Programa de Iniciação Científica Jr. (PIC) para participar de encontros mensais na Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) e Universidade do Estado de Mato Grosso (Unemat). Foi assim que aprendeu essas técnicas e passou a aprofundar os conhecimentos em matemática. No ano seguinte, em 2013, concorreu novamente e desde então passou a ganhar medalhas de ouro.
Os encontros do PIC acontecem em vários polos no estado uma vez ao mês. Com um professor, os alunos viajam até eles e estudam matemática o dia todo, fazem provas e algumas atividades podem ser feitas on line em um portal. “Eu gosto, porque é uma matemática que eu tenho que focar para conseguir encontrar os resultados e isso me estimula mais”, comenta.
Como foi se aprofundando nos estudos da matéria, seu raciocínio foi ficando cada vez mais rápido na escola. Everaldo da Silva é seu professor de matemática e conta que Erick termina os exercícios antes dos colegas. “Ele é mais avançado que os outros, então tentávamos colocar uma atividade extra para ele durante as aulas. Mas ele também estuda em casa sozinho, já é um aluno muito rápido”, analisa o professor.
Conversando com os outros professores, Everaldo percebeu que Erick é um aluno questionador. A facilidade também em outras matérias, mas especialmente em matemática, é observada desde o início da alfabetização. “Minha esposa deu aula para ele no 5º ano e ele já era questionador. Para mim é muito bom quando o aluno percebe que gosta de uma matéria de que poucos gostam”, diz o professor.
Segundo Erick, várias pessoas da família são boas em matemática também e tem até uma tia que é professora de matemática e já deu aulas para ele.
Mas se engana quem acha que Erick estuda o tempo todo quando está em casa. A mãe dele, Luciana de Freitas, de 42 anos, pedagoga, conta que ele adora jogos on-line, mas também futebol, basquete, futsal, vôlei e xadrez. A leitura de assuntos como literatura e mitologia também faz parte de suas atividades. “Ele tem bastante facilidade, mas não é nerd, não passa o tempo todo envolvido com o estudo. Se tem uma prova de outra disciplina, ele estuda um pouco”, afirma a mãe.
A mãe diz que se sente bastante orgulhosa das conquistas do filho e duplamente orgulhosa por ser professora da rede municipal pública de ensino. Ela procura incentivá-lo e o acompanha quando ele vai às universidades participar dos estudos de iniciação científica. “Fico esperando ele até terminar e depois trazer para casa de novo”, conta.
Planos
Erick tem ainda pela frente mais três anos para participar da Obmep, até o 3º ano do Ensino Médio. Por ter sido medalhista na olimpíada, ele já tem bolsas garantidas para uma graduação em qualquer área e para um mestrado em Matemática.
premiados (Foto: Luciana Freitas/Arquivo Pessoal)
O estudante sabe o que quer e já começou a trilhar o caminho rumo ao seu futuro profissional. Ele fez uma prova para o curso do Ensino Médio Integrado em Química do Instituto Federal de Mato Grosso (IFMT) no campus de Rondonópolis, cidade onde mora seu pai. Agora aguarda o resultado da prova, que deve ser divulgado no próximo dia 28.
Quanto à faculdade, ele quer fazer Engenharia Química e também Matemática. No 9º ano, ele já tem a matéria de Iniciação a Química e Física e diz que já gostou do que viu. A escolha foi feita por ser bastante curioso com a composição química de produtos. “Sempre quis saber o porquê das coisas e algumas áreas da engenharia procuram isso: criar algo, tentar entender como as coisas funcionam”, explica.
A medalha de ouro conquistada na Obmep de 2015 será entregue no ano que vem em uma premiação no Rio de Janeiro.
O conselho do tricampeão para colecionar essas conquistas é simples. “Basta se dedicar. Matemática é estudar e seguir em frente”, afirma Erick.