Por Marcus Cidreira, g1 MA* — São Luís


  • Pelo menos oito veículos passavam pela ponte no momento do desastre.

  • Foi recomendada a suspensão da captação de água para abastecimento público em 19 cidades.

  • Além do Maranhão e Tocantins, a água contaminada também pode chegar ao Pará.

Contaminação com ácido sulfúrico dificulta buscas por desaparecidos no colapso de ponte

Contaminação com ácido sulfúrico dificulta buscas por desaparecidos no colapso de ponte

A Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA) monitora a qualidade da água do rio Tocantins após a queda da ponte Juscelino Kubitschek de Oliveira, que liga os estados do Maranhão e Tocantins, no domingo (22), que deixou quatro pessoas mortas e 13 desaparecidas, confirmadas até até o momento.

Durante o desabamento, vários veículos que transitavam caíram, incluindo três carretas que transportavam substâncias químicas. Pelo menos oito veículos passavam pela ponte no momento do desastre. De acordo com a ANA, os caminhões transportavam 76 toneladas de ácido sulfúrico e 22 mil litros de defensivos agrícolas.

Como medida preventiva, foi recomendada a suspensão da captação de água para abastecimento público nas cidades localizadas a jusante do local do acidente, incluindo municípios do Maranhão e do Tocantins.

Os municípios do Tocantins e Maranhão em alerta são:

Maranhão

  • Porto Franco
  • Estreito
  • Campestre
  • Ribamar Fiquene
  • Governador Edson Lobão
  • Imperatriz
  • Cidelândia
  • Vila Nova dos Martírios
  • São Pedro da Água Branca

Tocantins

  • Aguiarnópolis
  • Maurilândia do Tocantins
  • Tocantinópolis
  • São Miguel do Tocantins
  • Praia Norte
  • Carrasco Bonito
  • Sampaio
  • Itaguatins
  • São Sebastião do Tocantins
  • Esperantina

A ANA, em parceira com a Secretaria de Estado do Meio Ambiente e Recursos Naturais do Maranhão (Sema), realizou coletas de amostras nessa segunda-feira (23). As amostras foram coletadas em cinco pontos do rio, desde a barragem da Usina Hidrelétrica de Estreito até o município de Imperatriz, o qual fica a jusante (rio baixo) do ponto do desabamento.

A análise abrange parâmetros básicos e de maior complexidade da qualidade da água, com apoio técnico da Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb-SP), referência em análise de água no país.

Ponte entre Maranhão e Tocantins desaba sobre rio — Foto: Francisco Sirianno/Grupo Mirante

Suspensão parcial no abastecimento de água

A Companhia de Saneamento Ambiental do Maranhão (Caema) informou que o abastecimento em Imperatriz está parcialmente interrompido devido à paralisação da captação de água do Rio Tocantins. No entanto, a cidade conta com 49 poços ativos, que seguem funcionando normalmente.

Já os municípios vizinhos, abastecidos exclusivamente por poços, não foram afetados e mantêm o fornecimento de água sem riscos à população.

A Secretaria do Meio Ambiente e Recursos Hídricos do Estado Do Tocantins (Semarh) alertou sobre as contaminações da água para outros dez municípios do estado e oito do Maranhão, que estão nas áreas margeadas pelo Rio Tocantins.

Riscos ambientais

Ponte entre Maranhão e Tocantins desaba sobre rio — Foto: Arte/g1

Segundo o Ibama, além do Maranhão e Tocantins, a água contaminada também pode chegar ao Pará. De acordo com as notas fiscais dos veículos que caíram no rio, as cargas de transporte eram de ácido sulfúrico e pesticidas.

Entre os pesticidas estavam o Carnadine, nocivo se ingerido, tóxico se inalado e capaz de causar irritação na pele e nos olhos; o Pique 240SL, também nocivo se ingerido, causador de irritação na pele e irritação grave nos olhos, além de perigoso para organismos aquáticos; e o Tactor, que, embora não seja classificado como produto perigoso, pode provocar a morte de organismos aquáticos.

Ponte de Estreito, que liga o Tocantins ao Maranhão — Foto: Fotos/ Francisco Sirianno

A equipe técnica do Núcleo de Prevenção e Atendimento a Emergências Ambientais (NUPAEM), do Ibama, chegou ao local nessa segunda-feira (23) para vistoriar a área.

O órgão acompanha a operação de retirada das substâncias, que será realizada por empresas especializadas contratadas pelas transportadoras responsáveis.

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