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Por Jornal Nacional


Entenda o caso de assédio e difamação que chocou Hollywood

Entenda o caso de assédio e difamação que chocou Hollywood

Uma denúncia de assédio sexual em Hollywood reacendeu o debate sobre as táticas que os agressores usam para silenciar as vítimas.

O filme "É Assim Que Acaba" levou o debate sobre violência doméstica e abuso para as salas de cinema. Durante a divulgação do filme começaram boatos de que, por trás das câmeras, o clima não era amigável. A estrela, Blake Lively, e o ator Justin Baldoni, que também dirigiu o longa, pareciam se evitar nas entrevistas e no tapete vermelho. Surgiram rumores de que Blake maltratava colegas e estava fora de sintonia com a mensagem que o filme passa.

Mas desde sábado (21), quando a atriz entrou com uma ação legal contra Baldoni por assédio sexual e difamação, essa história teve um reviravolta. O processo de 80 páginas traz evidências de que Baldoni contratou uma especialista em gerenciamento de crise para destruir a reputação de Blake Lively antes que ela tornasse públicas as acusações de que Baldoni, e o principal produtor do filme, assediaram a atriz no set de filmagem.

Segundo ela, Baldoni escreveu cenas de beijo, sexo e nudez de última hora, pegando a atriz de surpresa e desmerecendo as reclamações dela. Lively afirmou que, nos bastidores, o produtor mostrava fotos da esposa nua para ela e entrava em seu camarim quando estava se trocando.

Durante as filmagens, Blake exigiu uma reunião com o diretor e o produtor para fazer reclamações formais. Ela apresentou uma lista com 30 exigências. Entre elas, que os homens parassem de falar sobre seus órgãos genitais e relações sexuais e contratassem um coordenador para supervisionar cenas íntimas.

Blake Lively acusa ator e diretor Justin Baldoni de assédio sexual e afirma que foi vítima de campanha de difamação — Foto: Jornal Nacional/ Reprodução

Os advogados de Lively tiveram acesso a mensagens que, segundo eles, Baldoni trocou com a equipe dele. Em uma delas, a assessora diz:

"Ele (Baldoni) quer que ela (Blake Lively) seja jogada na lama”.

Dias depois, de acordo com o processo, Baldoni enviou postagens de uma rede social em que uma pessoa acusava uma celebridade de maltratar outras mulheres, e escreveu:

“É disso que precisaríamos”.

Seguindo o exemplo, a equipe do ator viralizou acusações contra Lively. O resultado foi rápido: duas semanas depois, uma reportagem do tabloide inglês “Daily Mail” questionava: “Blake Lively prestes a ser cancelada?”. Baldoni comemorou com a assessora:

“Você realmente se superou com essa matéria”.

A defesa de Baldoni, do produtor também citado no processo, negou as acusações.

O jornal “The New York Times” publicou o processo em primeira mão. A repórter que teve acesso ao documento é Megan Twohey. Ela revelou os casos de abuso sexual do produtor Harvey Weinstein e ajudou a desencadear o movimento #MeToo, pelo fim da violência contra as mulheres no cinema e em toda a sociedade.

“É realmente uma história que levanta questões sobre a integridade e autenticidade das narrativas online que existem hoje, e até que ponto elas estão sendo manipuladas”, diz a jornalista Megan Twohey.

Segundo Megan, o caso expõe uma nova estratégia para lidar com acusações de assédio: desmerecer a vítima e manipular as redes antes de ela tornar os crimes públicos.

Essa semana, Colleen Hoover, a autora do livro best-seller que deu origem ao filme "É Assim Que Acaba", publicou uma mensagem de apoio à atriz:

"Nunca mude, nunca se abata”.

Desde sábado (21), várias atrizes manifestaram solidariedade. Justin Baldoni foi abandonado por seus agentes e perdeu um prêmio que tinha recebido de uma organização dedicada a empoderar mulheres.

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