UFRJ, a maior universidade federal do Brasil, fica sem água e luz por falta de pagamento

Atolada em dívidas, uma das maiores universidades federais do país sente as consequências. Prédio da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo e da Escola de Belas Artes: o repórter cinematográfico Guilherme Vizane desligou a luz do equipamento para mostrar a situação. Não são apenas os corredores que estão às escuras, mas também as salas. Por isso, as aulas tiveram que ser suspensas.

Os cortes de energia elétrica atingiram outros pontos da universidade, como uma área do Museu Nacional. A UFRJ diz que deve cerca de R$ 43 milhões à Light, a empresa de distribuição de energia do Rio.

"A gente veio para a faculdade, mas não temos muito uma resposta do que vai acontecer", diz Rodrigo Rodrigues, estudante de Design.

O reitor Roberto Medronho se reuniu com estudantes para falar sobre as contas atrasadas:

“Nós estamos assistindo a um decréscimo enorme no nosso orçamento”.

Segundo o reitor, em 2012, o Ministério da Educação repassou o equivalente a R$ 784 milhões, em valores corrigidos pela inflação. Esses recursos diminuíram até 2021. Em 2023, houve uma nova queda. Em 2024, houve um pequeno reajuste: R$ 392 milhões. Somando todas as dívidas com concessionárias e prestadores de serviços, a UFRJ deve R$ 192 milhões. O reitor pede ajuda.

“Pedimos que a sociedade olhe com mais carinho para esse patrimônio da sociedade brasileira que tanto ajudou no desenvolvimento do país. Precisamos de orçamento para fechar este ano, mas também precisamos de mais, para voltar a uma situação semelhante à de 2012”, afirma Roberto Medronho, reitor da UFRJ.

Na tarde desta quarta-feira (13), uma dívida de R$ 26 milhões com a empresa de abastecimento de água gerou novos cortes: na reitoria, no restaurante universitário e no alojamento estudantil, onde vivem cerca de 500 alunos de fora do Rio.

“É um descaso, porque é um serviço essencial. Como a gente vai ficar sem água?”, questiona Luiz Fernandes, aluno de Engenharia Química.

“A UFRJ foi ranqueada como a terceira melhor universidade da América Latina e, neste momento, está nessa situação vexatória”, lamenta Armando Meyer, professor do Instituto de Saúde.

Na noite desta quarta-feira (13), a Justiça determinou que a Light reestabeleça a luz na UFRJ. Segundo a decisão, a universidade terá que pagar cinco milhões de reais para a empresa nos próximos sessenta dias. A Light declarou que ainda não foi notificada. O Ministério da Educação afirma que tem trabalhado para amenizar os cortes orçamentários dos últimos anos e que, este ano, repassou quatrocentos e trinta milhões de reais à UFRJ.

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