Dois dos alvos da Operação Carbono 14 estiveram envolvidos no escândalo do mensalão do PT.
Delúbio Soares, ex-tesoureiro do Partido dos Trabalhadores. Ele ficou duas horas na sede da Polícia Federal, em São Paulo, e foi liberado.
No início do governo Lula, Delúbio era tesoureiro do PT. Em 2005, foi acusado pelo então presidente do PTB, Roberto Jefferson, de pagar mesada a deputados para votar a favor de matérias que interessavam ao governo. Era o início do escândalo do mensalão, que só foi julgado em 2012, pelo Supremo Tribunal Federal.
Delúbio foi condenado por corrupção ativa: pena de seis anos e oito meses, em regime semiaberto.
Ele foi preso em novembro de 2013. E, a partir de setembro de 2014, passou a cumprir o tempo em prisão domiciliar. Em março, o ministro Luís Roberto Barroso, do STF, concedeu perdão da pena.
Delúbio teve que voltar nesta sexta-feira à Polícia Federal porque, em depoimento prestado à Lava Jato, o dono do banco Schahin, Salim Schahin, disse que Delúbio participou da operação do empréstimo fraudulento de R$ 12 milhões para o Partido dos Trabalhadores.
Schahin afirmou que a presença de Delúbio Soares numa das reuniões o deixou mais tranquilo. Segundo o banqueiro, Delúbio disse a ele que era interesse do partido que a operação fosse concluída o quanto antes.
“O senhor Delúbio Soares foi citado pelo senhor José Carlos Bumlai, pelo senhor Salim Schahin e pelo senhor Sandro Tordin como a pessoa que representou os interesses do Partido dos Trabalhadores junto ao Banco Schahin para obtenção desse empréstimo fraudulento”, afirmou Diogo Castor de Mattos, procurador do MPF.
Além da condução coercitiva de Delúbio Soares, a Polícia Federal cumpriu um mandado de prisão de outro nome ligado ao escândalo do mensalão. O ex-secretário geral do PT, Sílvio Pereira, o Silvinho, foi acordado em casa, no início da manhã, pelos policiais, e levado de carro para Curitiba.
Silvinho do PT foi secretário-geral do partido até 2005. Pediu desfiliação naquele ano, depois que o esquema do mensalão foi descoberto.
O primeiro escândalo com o nome dele envolveu uma Land Rover, que valia R$ 74 mil. Segundo Sílvio Pereira, era um presente recebido do sócio da GDK, uma empreiteira que tinha contratos bilionários com a Petrobras.
Como não ocupava cargo público, Sílvio Pereira não foi incluído no julgamento do mensalão no Supremo Tribunal Federal. Foi acusado por formação de quadrilha, mas nunca foi pra cadeia. Ele fez um acordo com o Ministério Público e aceitou prestar 750 horas de serviços comunitários.
O operador do mensalão, Marcos Valério, informou aos procuradores que Sílvio também participou da operação para o empréstimo fraudulento entre o Banco Schahin e o pecuarista José Carlos Bumlai. Além disso, a Lava Jato diz que há provas de que Sílvio Pereira recebeu dinheiro de empreiteiras e operadores já condenados no esquema de corrupção da Petrobras.
Entre 2009 e 2011, segundo a Lava Jato, ele recebeu R$ 486 mil da OAS e R$ 500 mil da UTC.
“Posteriormente, outras evidências da Operação Lava Jato mostraram o envolvimento dele com outros fatos, inclusive mais recentes. Em tese, receberia aí recursos da empreiteira OAS para que não falasse o que sabia do mensalão”, disse o procurador.
O Jornal Nacional não conseguiu contato com a defesa de Delúbio Soares. A família de Sílvio Pereira ainda não indicou um advogado para defendê-lo. A OAS e a UTC não quiseram se manifestar.