O ministro Teori Zavascki, do Supremo Tribunal Federal, mandou transferir o banqueiro André Esteves pra um presídio, no Rio. Desde a prisão desta quarta-feira (25), as ações do BTG Pactual perderam quase 24% do valor.
De estagiário a sócio do banco em quatro anos. E bilionário antes dos 40. Isso para quem dizia não querer muito no início da carreira. “A maior ambição minha, quando fui para a universidade, era ter um emprego, um dia ter um emprego”, disse.
André Esteves conta em vários vídeos na internet como se destacou ao chegar ao Pactual, um banco de investimentos. Ele tinha 22 anos quando entrou na instituição. Virou chefe, teve um cargo igual ao de presidente e, em 2009, virou o dono, depois de um negócio considerado uma grande cartada: recomprou com outros sócios o banco que tinha sido vendido a um grupo suíço três anos antes, e por um valor menor do que os estrangeiros tinham pagado. E acrescentou ao nome original do banco três letras.
Hoje, o BTG Pactual está em 15 países em quatro continentes e administra US$ 300 bilhões em ativos. “Foco, vontade, ambição, dedicação, ‘hard working’ para isso acontecer”, disse André Esteves.
Aos 47 anos, André Esteves era apontado até quarta (25), como o 13º homem mais rico do Brasil, com uma fortuna de R$ 9 bilhões. Depois da prisão, perdeu quase R$ 1,5 bilhão e caiu duas posições neste ranking.
André Esteves tem bom relacionamento com políticos de vários partidos. Em 2014, o banco dele doou R$ 9,5 milhões diretamente para a campanha de reeleição de Dilma Rousseff, do PT, e doou R$ 5,28 milhões diretamente para a campanha de Aécio Neves, do PSDB. O TSE também registra doação de R$ 8 milhões do BTG Pactual, na mesma eleição, para o PMDB, que tinha Michel Temer como candidato a vice na chapa de Dilma.
O BTG Pactual é sócio da Petrobras na exploração de petróleo em países da África e da Sete Brasil, a empresa que fornece sondas também para a Petrobras e é alvo da Lava Jato.
André Esteves foi preso nesta quarta (25), acusado de obstruir as investigações. A prisão dele ganhou destaque em várias publicações internacionais. Foi capa no The New York Times e reportagem dos sites do Financial Times e Wall Street Journal.
André Esteves foi citado na conversa gravada pelo filho de Nestor Cerveró. Bernardo fala com Delcídio Amaral e o advogado do senador, Edson Ribeiro. Na gravação, Bernardo e Edson demonstram espanto com o suposto acesso do banqueiro à delação de Cerveró. E conversam sobre como isso poderia ter acontecido.
Bernardo Cerveró: Rapaz, chegar na mão do BTG, no André, cara.
Edson Ribeiro: Por que chegou lá?
Bernardo Cerveró: Porque o Fernando já se queimou com o cara. Já falou dele.
Edson Ribeiro: Quem é que poderia levar isso pro André?
Bernardo Cerveró: Eu acho que é carcereiro. O cara dá 50 mil aí pra você.
Edson Ribeiro: A gente num entende, pô!
Bernardo Cerveró: Carcereiro, Nilton... Os caras são muito legais.
Edson Ribeiro: Mas tem muita informação, cara... Só tranquilizar ele aí com o negócio do seu pai, Bernardo.
O advogado de André Esteves nega que o banqueiro tenha a cópia da delação. “Ele nunca teve esta cópia. Ele nunca teve esse acesso. Na realidade, infelizmente, o Delcídio coloca isto nesta gravação, uma gravação feita entre quatro pessoas, onde o André não estava”, afirma o advogado Carlos de Almeida Castro.
André Esteves está preso temporariamente na carceragem da Polícia Federal no Rio de Janeiro. Nesta quinta-feira (26), o ministro Teori Zavascki, do Supremo Tribunal Federal, negou revogar a prisão do banqueiro e determinou que ele seja transferido para o presídio Ary Franco, na zona norte da cidade.