O combate à dengue pode ganhar um novo aliado: um estudo do Instituto Butantan e da USP, feito na grande São Paulo, mostra que é possível rastrear os mosquitos transmissores da doença.
Na caixa d´água da dona Abadia, os agentes de saúde de São Paulo encontraram mais do que água: muitas larvas, que podem ser do Aedes Aegypti.
“É perigoso, lógico. Para mim e para os vizinhos”, afirma ela.
Quando um mosquito da dengue aparece e encontra água parada, ele procria, começa uma família. Isso explica uma descoberta dos pesquisadores: normalmente, um bairro é infestado por mosquitos que são parentes. E mais: eles têm uma marca familiar que pode ajudar no controle da doença.
A asa do Aedes Aegypti é como o DNA. Mosquitos da mesma família têm asas com desenho parecido, ou seja, da para saber se um mosquito vem de um bairro ou de outro analisando as asas deles e comparando os desenhos. Elas parecem iguais, mas não são.
“O formato da asa permite a nós sabermos se existe uma região onde preferencialmente ela exporta mosquitos para outras, aquela região talvez seja a mais importante da gente atacar primeiro”, explica o pesquisador do Instituto Butantan, Lincoln Suesdek.
Pesquisadores do Instituto Butantan e da USP chegaram a essa conclusão depois de três anos de trabalho. Mas o estudo continua, para mapear cada vez mais famílias de Aedes Aegypti.
“Apesar dessa nova ferramenta que nós estamos propondo, e das ferramentas que já existem, que são tradicionais e devem continuar a ser usadas, é importante saber que uma coisa continua: a vigilância começa em casa”, alerta Lincoln.
“Cerca de 90% dos focos de mosquito e locais que acumulam água parada, o criadouro, estão dentro das casas. Então o mosquito está próximo da gente para picar e conseguir sangue”, aponta o coordenador do Programa de Combate à Dengue, Bronislawa de Castro.
Dona Clélia Chagas, vizinha de uma caixa d´água infestada, está sempre atenta.
“A minha casa, graças a Deus, eu cuido, mas de repente ele vem de outro lugar né? Cada um fazendo a sua parte a gente vai ficar mais protegido”, diz a dona de casa.
De janeiro a abril de 2012, foram registrados 1.083 casos graves de dengue em todo o Brasil e 74 mortes.