Edição do dia 15/02/2017

15/02/2017 14h31 - Atualizado em 15/02/2017 14h31

Recursos públicos na UFPR vão parar no bolso de criminosos

Mais de R$ 7 milhões foram desviados.
Dinheiro destinado era para bolsas de pesquisa da Universidade.

Ana ZimmermanCuritiba

A Polícia Federal prendeu 27 pessoas suspeitas de desviar dinheiro de bolsas de pesquisa da Universidade Federal do Paraná (UFPR). Os investigados são suspeitos dos crimes de peculato e associação criminosa.

A fraude ocorria na seção de controle e execução orçamentária da UFPR, chefiada por Conceição Mendonça. Ela foi a responsável por assinar 234 processos de pagamento, que somaram R$ 7,3 milhões. Segundo a investigação, esses valores foram pagos entre os anos de 2013 e 2016 a 27 pessoas que não tinham vínculo com a universidade.

“Nem os professores mais titulados dentro da instituição, ou seja, doutores e pós-doutores, receberam tanto em bolsa. Então, isso é realmente algo estarrecedor”, afirma Felipe Hayashi, delegado da PF.

A Polícia Federal identificou que apenas uma família recebeu mais de R$ 1,6 milhão. Mãe e dois filhos foram presos em Campo Grande, cidade da chefe de controle e execução orçamentária da Federal do Paraná.

A operação investiga se pessoas que exerciam profissões que não exigiam formação superior receberam bolsas de pesquisa. Segundo o juiz Marcos Josegrei, que expediu os mandados de prisões, ainda é preciso identificar se essas pessoas eram os reais beneficiários ou se existem outros destinatários finais.

No despacho, o juiz diz que outra funcionária da UFRP, Tânia Capatan, assinou uma declaração afirmando que os documentos de concessão dos auxílios haviam sido jogados fora, porque se deterioraram. Ela também foi presa nessa quarta-feira (15).

A operação foi feita em conjunto com o Tribunal de Contas da União (TCU) e a Controladoria-Geral da União. A investigação começou com uma auditoria do TCU, que percebeu as irregularidades e pediu mais informações à UFPR sobre essas bolsas. A universidade diz que colaborou com as investigações.

Para os investigadores, as fraudes poderiam ter sido detectadas pela UFRP se houvesse um procedimento interno efetivo contra irregularidades. “Se os controles mínimos fossem exercidos pela administração da Universidade Federal, fraudes grosseiras como essa não passariam. A Universidade, isso é importante que fique bem claro, trouxe sim informação com denúncias com parte dos fatos apurados hoje, mas ela apresentou no momento em que a investigação já estava em andamento e fruto de uma ação reativa”, diz o delegado Igor Romário de Paula.

Depois da descoberta do esquema, o TCU fez uma investigação prévia em outras universidades federais. “Até o momento, algo semelhante ao que foi encontrado aqui na Universidade do Paraná a gente não viu”, afirma João Manoel Dionisio, secretário de controle externo do TCU.