Edição do dia 08/10/2013

08/10/2013 14h18 - Atualizado em 08/10/2013 14h19

Professores protestam contra plano de cargos e salários no Rio de Janeiro

O plano foi aprovado pela Câmara de Vereadores do Rio de Janeiro.
A manifestação começou pacífica, mas vândalos depredaram a cidade.

André Curvello e Renata CapucciRio de Janeiro

Os professores da rede municipal do Rio de Janeiro, que estão em greve há 53 dias, receberam o apoio de milhares de manifestantes em um protesto que reuniu, pelo menos, dez mil pessoas na noite de terça-feira (8). Eles são contra o plano de cargos e salários, aprovado pela Câmara de Vereadores.

Os manifestantes tomaram uma das principais avenidas do centro da cidade pacificamente.
Os professores receberam o apoio de outras categorias e exibiram faixas contra o governador, Sérgio Cabral, e o prefeito, Eduardo Paes. Eles reivindicaram mudanças na política educacional do estado e do município.

Segundo a Polícia Militar, eram cerca de dez mil, mas para o Sindicato Estadual dos Profissionais de Educação (Sepe), foram 50 mil pessoas.

Para que a multidão passasse, o trânsito foi bloqueado em vários pontos. No protesto, havia crianças e aposentados. Defensores dos grupos indígenas também estavam presentes e fizeram uma fogueira em frente à Câmara dos Vereadores.

“Nós fizemos uma grande manifestação. Ela foi tão grande porque houve muita solidariedade de outras entidades, sindicatos e categorias, e de pais e alunos. Nossa manifestação terminou por volta das 20h30 e, a partir daí, surgiu outra manifestação, que nós não temos nenhum controle. Nós garantimos que fosse um ato mais pacífico possível, respeitando alunos, crianças e idosos que estavam conosco”, afirma Gualberto Tinoco, coordenador do Sepe.

A Secretaria Municipal de Educação informou que, com o plano, um professor que trabalha 40 horas com pós-doutorado e em fim de carreira receberá R$ 6.349,78. Com os triênios, o valor chega a quase R$ 9.842,14.

Pela proposta do Sepe, o salário de um professor em fim de carreira e com pós-doutorado chegaria a R$ 14.852,73, com os triênios, o valor chegaria a R$ 23.021,73.

Nesta manhã, Sérgio Cabral participou de um encontro com um conselho de pais de alunos, professores, funcionários e diretores de escola, porém, o impasse continua porque o Sepe não foi convidado.

A Prefeitura do Rio de Janeiro informou que os representantes do Sepe não foram convidados, porque já se reuniram dez vezes e fizeram três acordos que não foram cumpridos e que essa reunião aconteceu para discutir a greve com pais, alunos e funcionários que não participam da paralisação. A Prefeitura informou também que vai manter o corte de ponto dos profissionais que aderiram à greve. O Sepe diz que a reposição do conteúdo perdido começará assim que as aulas forem retomadas.

Vandalismo

O protesto se mantinha pacífico, até que grupos de vândalos se infiltraram na manifestação e queimaram ônibus, depredaram agências bancárias e provocaram medo na população. Dezoito pessoas foram detidas e, segundo a polícia, não havia nenhum professor entre elas.

Os grupos de mascarados usaram estilingue para atirar pedras na sede da Câmara de Vereadores, um prédio histórico. Eles quebraram o vidro de uma janela com a haste de uma bandeira e picharam a fachada da construção.

Logo em seguida, os vândalos tentaram invadir o prédio. Quem estava do lado de dentro, usou extintores de incêndio para afastar os arruaceiros. Eles voltaram, pouco depois, e atearam fogo na porta da Câmara. As chamas atingiram as cortinas.

Os vândalos também incendiaram sacos de lixo, que foram usados como barricadas para impedir o avanço da polícia. Os mascarados e os policiais se enfrentaram diante do Teatro Municipal. Pedras, paus e bombas caseiras foram atirados contra os PMs, que revidaram com bombas de gás.

Os confrontos continuaram pelas ruas da Lapa, onde os comerciantes ficaram assustados e fecharam as portas.

Nesta quarta-feira (8), funcionários da Prefeitura consertaram os estragos. Quase nada ficou inteiro em uma loja de celular: mesas, cadeiras, equipamentos eletrônicos foram destruídos. O acesso a cadeirantes de uma estação do metrô também ficou danificado.

O saldo da baderna foi dez ônibus incendiados, dezenas de agências bancárias e lojas depredadas e, pelo menos, 18 pessoas detidas, entre elas seis menores. Todos foram liberados. A Câmara de Vereadores vai ficar fechada para ser periciada.