Imagens de uma câmera de segurança da região do Morumbi registrou parte da ação. Eram, aproximadamente, 19h do dia 2 do mês de junho, uma quinta-feira. Na gravação - que você pode conferir na reportagem do vídeo acima - é possível ver quando um pequeno caminhão passa. Poucos segundos depois, vem o carro roubado por dois menores - um de 11 anos e outro de 10 anos. O carro é seguido por policiais que estão de moto e em viaturas.
Segundo os policiais, o menino de 10 anos, que dirigia o veículo roubado, atirou e eles revidaram. O garoto morreu com um tiro na cabeça. A câmera não mostra o momento dos tiros e nem quando o carro roubado bate no caminhão. Apavorados, os motoristas que vinham atrás dão ré para fugir da confusão.
A arma apresentada pelos policiais, como sendo do menino de 10 anos, é um revólver calibre 38. Foi entregue na delegacia com três cartuchos intactos e três disparados. O exame de balística comprovou que três tiros saíram da arma.
A bala que matou o garoto também foi periciada. A conclusão é que o tiro saiu de uma pistola, pertencente ao soldado da Polícia Militar, Otávio de Marqui. É ele quem aparece nas imagens jogando a moto, e depois cercando o carro onde estavam os dois meninos.
O menino de onze anos, que sobreviveu, mudou a primeira versão e disse, na corregedoria da polícia, que ele e o amigo não estavam armados. A defesa dos policiais vai usar como prova a comunicação entre as viaturas que perseguiam o carro roubado e o centro de operações da PM.
Leia trechos desta comunicação:
POLICIAL - Jogou pra cima COPOM, jogou pra cima! [No jargão policial, a expressão "jogou para cima" significa atirar].
COPOM - Mantenha distância, evite o confronto. Procura a cobertura dos senhores aí.
POLICIAL - [Rua] Ramon Urtiza, sentido [avenida] Hebe Camargo. Jogou pra cima, COPOM.
Os laudos, depoimentos e imagens obtidos até agora, pelo Departamento de Homicídios, indicam que os policiais reagiram aos disparos feitos pelo menino de 10 anos. Os investigadores esperam esclarecer as últimas dúvidas na reconstituição, que deve ser feita no mesmo dia da semana e mesmo horário em que tudo aconteceu - uma quinta-feira, por volta das 19h.
A data da reconstituição ainda não foi marcada. A Secretaria de Segurança Pública disse que os inquéritos policiais estão em andamento.