“Me chamaram de gordinha sexy, um decote que ninguém usava e eu passei a usar porque me favorecia, minha mãe dizia para eu rir mais baixo”, diz ela, achando graça.
Se você não esteve fora do ar nos últimos 40 anos, provavelmente, já ouviu a gargalhada. É Fafá de Belém. A cantora paraense, que mora em São Paulo, falou ao Fantástico sobre as quatro décadas de carreira que completa este ano. “Eu nasci no Fantástico”, diz.
Ao relembrar sua história, ele se emociona. “Quando você sente que está na metade da vida, você vem recolhendo coisas e agradecendo a seu povo por tudo que você é”, diz, já chorando.
E o que é Fafá de Belém? “Disseram que eu fui musa das Diretas”, relembra. Isso foi nos anos 80, durante o movimento que pediu a volta das eleições diretas no Brasil. Um gesto foi marca registrada da sua presença em mais de 30 comícios pelo Brasil. “Eu fui para a campanha das diretas sempre com a minha pombinha”, conta.
De musa da política, passou a musa dos Papas. Ela se lembra, com humor, do que aprontou com João Paulo II durante a terceira visita dele ao Brasil. “Eu subo as escadarias do Maracanã e peço para dar um beijo no Papa. E aí, ninguém deixou. Eu, como uma boa cabocla, arregacei a barra da saia e saí correndo aquela escada. Quando eu saí daquele momento de desligamento, eu estava abraçando o Papa”, diz.
Dez anos depois, foi convidada para cantar para o Papa Bento XVI, em Valência, na Espanha. Mas com ele, nada de abraço.
“Nas duas vezes, eu me perguntei: ‘mas por que eu?’ Quando foi escolhido o Papa Francisco, eu falei: ‘agora tem que ser eu’, diz, antes de gargalhar. E foi!
E é o tão querido Pará que ela volta a homenagear em seu novo disco. “Quando eu gravei, em 1984, ‘Memórias’, eu fui chamada de tudo. Brega, no pior sentido. Aí, eu falei: ‘ah, é? Então, espera aí, que o outro é pior’. E esse disco de agora é o reencontro com isso”, explica a cantora.