Pescadores de Colatina, Baixo Guandu e Linhares, municípios afetados pela lama no Rio Doce, se reuniram com o Ministério Público do Trabalho (MPT) nesta quinta-feira (10) em Colatina, no Noroeste do Espírito Santo, para discutir a ajuda de custo a trabalhadores prejudicados pela contaminação do rio. Eles questionaram o valor estipulado para o auxílio.
O auxílio será pago pela mineradora Samarco, propriedade da Vale e da BHP, empresa responsável pela barragem que rompeu e lançou os rejeitos no Rio Doce. O pagamento do auxílio aos profissionais afetados pela lama está previsto no Termo de Ajustamento de Conduta assinado pela empresa.
tendo dificuldades (Foto: Reprodução/ TV Gazeta)
"Esses trabalhadores tem direito a um salário mínimo mensal, mais 20% por integrante da família, além do valor de uma cesta básica, que será entregue em dinheiro", disse o procurador Bruno Borges.
O benefício, que já começou a ser pago pela Samarco através de um cartão, terá duração inicial de seis meses. Entretanto, para os pescadores, esse valor não é o suficiente para manter a qualidade de vida dos pescadores e de suas famílias.
"Pescador não vive com um salário mínimo, pescador vive muito bem, têm uma família pra dar conta, e um salário mínimo é muito pouco", disse o presidente da colônia de pescadores de Linhares, Milton Jorge.
O presidente da colônia de pescadores de Baixo Guandu, Claudio Marcio Pereira, também acha que o valor não se equipara a renda dos trabalhadores. "O pescador tem uma renda muito maior do que o que foi proposto pela empresa", disse.
De acordo com o MPT, ainda não é possível precisar a renda média dos pescadores, mas que o valor do benefício ainda pode ser revisto.
"A ideia do Ministério Público é trabalhar com a renda real destes trabalhadores, mas nesse momento nós não temos o cadastramento completo ainda, então estamos trabalhando com um valor médio", disse Bruno Borges.
O procurador ainda esclareceu que além dos pescadores, outras pessoas que dependem indiretamente do Rio Doce também vão receber o auxílio. "Ele também abarca extratores de areia, barqueiros, lavadeiras, entre outras categorias", explicou.
Além dos pescadores dos municípios cortados pelo Rio Doce, trabalhadores de outras regiões também estão enfrentando problemas. Os pescadores de São Mateus, por exemplo, já sentem os prejuízos provocados pela lama.
"Pra nós, o pescado já diminuiu em 70%. Além disso, nós estamos tendo dificuldade para vender o pescado, porque as pessoas ficam com medo de consumir, não sabem se o pescado é contaminado ou não", contou a presidente da colônia de pescadores de São Mateus, Glória Santos.
Samarco
De acordo com a Samarco, na tarde desta quinta-feira (10) começou a distribuição dos cartões de débito aos pescadores impactados pelo rompimento da barragem da empresa.
Segundo a empresa, os benefícios começaram a ser entregues aos líderes de associações durante a reunião que aconteceu em Colatina. Pescadores e ribeirinhos de 37 municípios ao longo de 600 quilômetros do Rio Doce devem receber o auxílio.
De acordo com Alexandre Souto, gerente geral de estratégia e gestão da empresa, os trabalhadores que já estão cadastrados vão receber o auxílio ainda nesta semana. Entretanto, aqueles que ainda não estão cadastrados podem ter que esperar até fevereiro pelo benefício.
Sobre o valor do auxílio, Souto disse que os casos de indenização serão analisados individualmente. "O cartão é uma medida emergencial, ele não tem caráter indenizatório, a solicitação de indenizações e verificação de questões particulares será feita caso a caso, o cartão é para gerar um benefício para todas as pessoas em um curto prazo", explicou.