Indo ao encontro da proposta do Ministério da Educação, os programas de pós-graduação em Artes, Ciências Sociais, Comunicação e Psicologia da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) aprovaram a reserva de vagas para negros, pardos e indígenas. A mudança já vale para os editais para as turmas de 2017.
Uma portaria normativa do Ministério da Educação, de 11 de maio de 2016, estabelece que as universidades, dentro de sua autonomia, têm que apresentar políticas de ações afirmativas de inclusão de negros, pardos, indígenas e deficientes nos programas de pós-graduação.
Procurada pelo G1, a assessoria de imprensa da Ufes informou que uma resolução sobre cotas nos programas de pós-graduação está em discussão.
O coordenador do Programa de Pós-Graduação em Comunicação e Territorialidades, professor Fábio Malini, ressaltou a importância da aprovação das cotas raciais para a amplitude dos debates dentro da universidade.
De acordo Malini, os cursos que se adiantaram na adoção das cotas raciais já possuem um acúmulo de discussão sobre o assunto.
Ainda segundo o professor, essa atitude deve variar de programa para programa, já que os colegiados, compostos pelos professores permanentes, têm autonomia para decidir individualmente, até que haja uma resolução própria da Ufes.
“Hoje, a gente vai fazer um concurso público na área de Comunicação, de Artes, das áreas sociais, há predomínio de professores que não são pretos, pardos e indígenas. Quanto mais oportunidades, mais mudanças. Também há abertura de processos de estudos que muitas vezes não temos. Dá mais pluralidade à universidade. A pós-graduação ficou sendo mais aberta, mais democrática”, opinou.
Assim como Malini, a coordenadora do Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais, professora Maria Cristina Dadalto, acredita que a reserva de vagas na pós-graduação tem como objetivo promover a mudança no ambiente acadêmico.
“O que acontece é que, com esse processo, a gente está incluindo mais e mais alunos. O nosso objetivo é tentar ter uma perspectiva mais ampla da inclusão de estudantes, só assim a gente vai promover a mudança. Ficar só na graduação não faz sentido, é preciso ampliar”, afirmou a coordenadora.
Comunicação e Territorialidades
O Programa de Pós-Graduação em Comunicação e Territorialidades aprovou, por unanimidade, em reunião de colegiado realizada nesta quinta-feira (15), a criação da reserva de vagas em seu processo seletivo para a turma de 2017.
Neste edital foi reservado um percentual de 25% das vagas abertas. O critério para que o aluno seja considerado apto a concorrer às vagas reservadas às cotas será a autodeclaração.
O edital informa que a opção de concorrer às vagas reservadas às cotas não exclui o candidato de concorrer às vagas de ampla concorrência, caso sua pontuação no processo seletivo assim o permita.
Além disso, caso não haja preenchimento do total de vagas destinados às cotas, as vagas remanescentes serão revertidas a vagas de ampla concorrência.
Para Malini, o desafio será fazer com que esses alunos permaneçam na pós-graduação e as cotas sociais ainda podem ser discutidas.
“Tem o desafio não só do acesso, mas da permanência. A gente já conhece mais ou menos como é o funcionamento. A ideia é aplicar uma política de permanência. Bolsa, por exemplo, tem que ser prioridade para o aluno cotista”, disse.
Sobre a quantidade de vagas reservadas, apenas três para o atual edital para Comunicação e Territorialidades, Malini acredita que, apesar de serem mais limitadas, os alunos que ingressam no programa de pós-graduação vêm, majoritariamente, do ensino superior público.
“Não é tão amplo como na graduação, mas a gente tem uma particularidade. Na pós-graduação, no Brasil, com frequência a gente tem alunos que vêm de universidades públicas, por isso há uma diferença de perfil”, comentou.
Quais já aderiram
Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais
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