Sebrae impulsiona a diversidade e inclusão no empreendedorismo

Nela, os 193 países signatários, incluindo o Brasil, se comprometeram a adotar uma estratégia global de transformação até 2030 baseada nos 17 ODS. Tudo, a partir do esforço conjunto entre instituições, empresas e sociedade civil.

Desde então, pressões sociais e de stakeholders, novas leis e a valorização do tema perante a opinião pública vêm provocando mudanças significativas nas empresas. Mas não apenas por isso. À medida que companhias promovem mais inclusão, encontram mais razões para seguir nesse caminho.

Para se ter ideia, a edição 2023 da pesquisa “Diversidade, Equidade e Inclusão nas Organizações”, da consultoria global Deloitte, destaca que 96% dos participantes acreditam que as práticas de diversidade e inclusão (D&I) promovem um ambiente mais acolhedor.

Financeiramente, a inclusão e a diversidade também são um ótimo negócio. O relatório “A Diversidade Importa Cada Vez Mais”, produzido pela McKinsey & Company, mostra que empresas com mais mulheres em equipes executivas e/ou aquelas com maior diversidade étnica têm 39% mais chances de alcançar um desempenho financeiro superior. No entanto, empresas com menos diversidade são 66% menos propensas a superarem o desempenho de seus pares.

Diante desse cenário, o Sebrae tem uma estratégia nacional de inclusão produtiva, enxergando o empreendedorismo como “um caminho maravilhoso para que pessoas em situação de vulnerabilidade tenham outra perspectiva de vida”, aponta Margarete Coelho, diretora de Administração e Finanças do Sebrae Nacional. A diretora explica que “por meio de equidade, oportunidade e diversidade na economia, buscamos impulsionar todos os perfis e empreendedores sub-representados: 50+, jovens, mulheres, população negra, PCD e LGBTQIAP+”, completa.

Uma das iniciativas que vai nessa direção é o Programa PLURAL, que destina recursos para que cada Sebrae estadual impulsione o empreendedorismo feminino, o afroempreendedorismo e demais grupos de pessoas empreendedoras pertencentes aos grupos sub-representados.

Outra ação que merece destaque é a nova gerência de Empreendedorismo Feminino, que oferece programas de capacitação, mentorias, acordos, patrocínios, apoios e parcerias.

Já na frente de promoção à diversidade etária, vale destacar o Maturifest, que neste ano ocorre entre os dias 14 e 16 de agosto em São Paulo, capital. O evento é o maior festival de trabalho e empreendedorismo para o público maduro da América Latina. O encontro promove painéis e palestras, mentorias individuais, oficinas práticas, networking e feira de negócios. Em 2022, uma das participantes e painelistas foi Lilian Laraia, atualmente com 60 anos e sócia-fundadora da LaraiaTech, startup de análise de dados.

LaraiaTech, a startup 50+

Se para muita gente startup é sinônimo de empresa liderada por jovens, já está mais do que na hora de quebrar esse estereótipo. Um bom exemplo é precisamente a LaraiaTech, empresa de análise de dados para projetos de pesquisa, desenvolvimento e inovação (PDI). A ideia de abrir a companhia veio em 2016, quando a engenheira química Lilian Laraia voltou ao mercado depois de concluir o mestrado em Ciências na área de Tecnologia Nuclear.

À época ela tinha 52 anos, e para apoiá-la na empreitada, convidou seu antigo orientador, Antônio Carlos de Oliveira Barroso, de 75 anos. “Passei anos na vida acadêmica e quando decidi voltar ao mercado [atuou na indústria de autopeças por 20 anos], sabia que o melhor profissional para ter ao meu lado era o Barroso. Sua experiência, conhecimento e competência na área de dados e tecnologia foram fundamentais para criar as bases da nossa empresa”, conta.

Com o Sebrae desde o início de sua jornada, ela desenvolveu seu plano de negócios, contou com uma consultoria de planejamento estratégico, participou do Empretec e, como mencionado, na edição de 2022 da Maturifest. Para ela, o desafio geracional não existe, já que a empresa tem colaboradores e sócios de diversas faixas etárias, e a pluralidade e a diversidade oferecem ganhos inestimáveis ao negócio. “Conviver com jovens, idosos, pessoas de diversas culturas, orientações e etnias trouxe para a LaraiaTech uma riqueza na sua visão de mundo e de negócios que não conseguiríamos obter de outra maneira”, reflete a empreendedora.

O ganho inestimável de contar com o sócio septuagenário foi a criação de um legado. “Hoje o Barroso não está mais na empresa. Agora, merecidamente, ele prefere viajar pelo mundo. E vai tranquilo porque sabe que após formar diversos profissionais, a sua experiência está em cada um de nós”, conclui.

Mais segurança na metalurgia

Se Lilian está fazendo história com sua startup de tecnologia, o empreendedor em metalurgia João Alonso Boaz, de Balneário Rincão-SC, está salvando vidas com sua invenção. Aos 71 anos, ele é o criador da única máquina policorte com dois discos de que se tem notícia no mundo.

Quem explica é o criador. “Máquinas policorte são usadas na metalurgia para cortar ferro e aço. Para isso, usa-se um disco com material abrasivo, como uma espécie de lixa. Depois que o corte é feito, muitos operadores usam o mesmo disco para tirar as rebarbas do metal. Isso provoca muito desgaste, aumentando o risco de que o disco se rompa durante o processo de corte, causando acidentes às vezes fatais”, relata o empreendedor.

Depois dele mesmo se acidentar, buscou a consultoria de um engenheiro e, com o profissional, desenvolveu a máquina policorte com dois discos. “Um disco é usado para o corte. O outro serve para aparar as rebarbas”, conta. Depois de um processo de patenteamento que durou seis anos, o empreendedor agora vende seu produto em todo o Brasil.

A solução, aparentemente simples, reduziu em 100% o número de acidentes antes causados pelo desbaste na lateral do disco de corte. Com a sabedoria de quem se preocupa com a coletividade, João afirma: “não quero que minha máquina seja a única, mas uma alternativa para que as pessoas não corram o risco de perder a vida no trabalho”.

Sua empresa recebeu três prêmios de excelência e atualmente conta com o apoio de um Agente Local de Inovação – ALI do Sebrae. Para João, um dos principais ganhos foi reaprender a aprender. “Passei a vida toda cometendo erros na gestão do meu negócio. Com a consultoria do Sebrae, me abri para reaprender tudo sobre o negócio. Descobri o valor de contabilizar todos os gastos da empresa – até o preço de uma arruela, como costuma dizer a minha ALI. Faço tudo de acordo com as orientações dela e tenho visto a evolução do meu negócio. Nunca é tarde para aprender”, comemora João.

Quer conhecer a máquina policorte com dois discos do João? Então assista à matéria do PEGN aqui!

Transformação de dentro para fora

Em 4 de julho, o Sebrae lançou nacionalmente sua Política de Diversidade, Inclusão, Equidade e Pertencimento. De acordo com Margarete Coelho, idealizadora do documento, a política externaliza, de forma ainda mais contundente, “o compromisso interno de reconhecer que a diversidade de nossas pessoas colaboradoras deve ser reflexo do empreendedorismo que apoiamos”.

O documento foi construído com base em pesquisas de mercado, junto às empresas maduras em relação ao tema. Além disso, contou com a participação de todas as pessoas colaboradoras do Sebrae por meio de um censo e Pesquisa de Cultura Inclusiva. Os seguintes indicadores foram destacados:

- 64% desejam equidade de gênero nas funções de liderança

- 62% priorizam a questão racial

- 59% destacam a importância de pessoas negras em funções de liderança

- 48% focam em condições mentais

- 47% enfatizam a identidade de gênero

A apresentação dos dados contribuiu essencialmente para definir o posicionamento do Sebrae Nacional em relação à diversidade e inclusão. “Nos próximos três anos, vamos atuar priorizando dois grupos: raça e gênero”, esclarece a diretora. A partir daí, diversas ações internas e externas passam a tomar corpo para materializar a política em ações cada vez mais afirmativas para os grupos menorizados.

Conheça outras iniciativas de Inclusão, Diversidade, Equidade e Economia do Sebrae

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Inclusão Produtiva