Onze cursos da Universidade de São Paulo (USP) não conseguiram selecionar nenhum candidato por meio do Sistema de Seleção Unificada (Sisu) 2016, de acordo com levantamento do G1. São carreiras que exigiram, para participação no processo seletivo, de notas mínimas de 650 ou de 700 pontos em cada prova do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2015.
Houve ainda sete cursos que somente conseguiram preencher parcialmente as vagas oferecidas.
Esta foi a primeira participação da USP no Sisu. Nela, a USP restringiu o uso das notas do Enem somente para alunos que cursaram o ensino médio em escolas públicas.
De acordo com a USP, as vagas que não foram preenchidas terão alunos selecionados por meio da Fuvest.
CURSOS COM ZERO SELECIONADOS
- Engenharia Agronômica (Piracicaba) 40 vagas
- Engenharia florestal (Piracicaba) 8 vagas
- Gestão ambiental (Piracicaba) 8 vagas
- Química (Ribeirão) 6 vagas
- Administração | matutino (Ribeirão) 6 vagas
- Administração | noturno (Ribeirão) 6 vagas
- Ciências da informação e da documentação e biblioteconomia (Ribeirão) 8 vagas
- Química (Ribeirão) 5 vagas
- Engenharia de alimentos | noturno (Pirassununga) 10 vagas
- Medicina veterinária (Pirassununga) 12 vagas
- Zootecnia (Pirassununga) 8 vagas
NÃO PREENCHERAM TODAS AS VAGAS
- Ciências da natureza | matutino (São Paulo) 18 vagas / 15 selecionados
- Ciências da natureza | noturno (São Paulo) 18 vagas / 14 selecionados
- Farmácia e bioquímica (Ribeirão) 5 vagas / 2 selecionados
- Odontologia | (Ribeirão) 8 vagas / 5 selecionados
- Engenharia de alimentos | matutino (Pirassununga) 10 vagas / 1 selecionado
- Engenharia de biossistemas | (Pirassununga) 12 vagas / 3 selecionados
- Medicina veterinária | (São Paulo) 8 vagas / 1 selecionado
Ao todo a USP ofereceu quase 1,5 mil vagas no Sisu. Desse total, 10,4% ficaram sem selecionados. Ao longo da semana passada, as parciais divulgadas pelo MEC já indicavam essa tendência. Na manhã de quinta-feira (14), 19 cursos da USP já tinham menos inscritos do que vagas.
A nota mínima no Enem exigida pela USP foi diferente de acordo com a carreira. A mínima foi de 450 pontos em alguns casos. De acordo com especialistas, 650 ou 700 pontos eram patamares elevados para serem obtidos em cada disciplina.
O secretário Jesualdo Pereira Farias, da Secretaria de Educação Superior, disse que não é prática comum o estabelecimento de notas mínimas no Enem para participação no Sisu. "Não é uma praxe no Sisu, (ele) tem uma dinâmica própria de procura dos candidatos por cada curso e a concorrência é estabelecida em função disso", afirmou Farias.
O secretário do órgão ligado ao MEC, afirmou que 197.587 candidatos tiveram média geral acima de 700. No entanto, o levantamento de quantos obtiveram no mínimo 700 em cada uma das cinco provas (redação, linguagens, matemática, ciências da natureza e ciências humanas).
Apesar disso, Jesualdo Farias diz que existiam concorrentes em condições de tentar as vagas. Ele afirmou que o MEC vai procurar a pró-reitoria de graduação da USP para eventuais acertos para as próximas edições do Sisu.
Nota de corte alta
O diretor pedagógico do Cursinho da Poli, Lilio Paoliello, lembra que a metodologia de correção das provas do Enem, a Teoria de Resposta ao Item (TRI) considera a dificuldade de cada questão para dar peso a cada acerto. Por isso, em uma projeção, ele acredita que seria possível apontar que para obter 700 pontos o aluno precisaria acertar entre 35 e 40 questões. Cada prova tinha 45 itens.
Considerando as médias das notas máximas e mínimas, Paoliello diz que obter 598,8 pontos no Enem representava o ponto médio entre as médias dos melhores e os piores desempenhos (889,9 pontos e 307,8 pontos).
"Ou seja, o aluno precisaria ir muito além da media para ele obter nota para USP. Não adiantou pegar o candidato cotista, porque ele não teve a nota exigida."
A exigência de nota mínima 700 em cada área foi criticada por alunos que diziam ter nota geral mais alta que os 700 pontos, mas que tinham obtido menos em provas de disciplinas nem tão relacionadas com suas carreiras. "Em algumas dessas carreiras o aluno terá mais facilidade de entrar na Fuvest do que pelo Enem. O Enem não é um exame fácil", afirmou.