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Por Redação g1 — São Paulo


Cédulas de dólar — Foto: Pexels

O dólar fechou em queda nesta terça-feira (10), cotado a R$ 6,04. O recuo da moeda norte-americana veio após mais um recorde nominal, na véspera, quando encerrou a R$ 6,0820.

Nesta terça, investidores repercutiram os novos dados do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O mercado também seguiu em compasso de espera pela nova decisão de juros do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central do Brasil (BC), prevista para quarta-feira.

Em meio aos sinais de uma atividade ainda forte e de uma inflação ganhando força no Brasil, a estimativa dos agentes do mercado financeiro é de que o colegiado vote por aumentar a taxa básica de juros (Selic) mais uma vez.

Além disso, o mercado também segue atento aos desdobramentos do quadro fiscal, conforme crescem os receios de que o pacote de corte de gastos do governo pode enfrentar maior resistência no Congresso Nacional.

Conforme mostrou o blog do Camarotti, articuladores políticos do governo já admitem que o "preço" para a aprovação do pacote fiscal aumentou muito nos últimos dias. (leia mais abaixo)

O Ibovespa, principal índice acionário da bolsa de valores brasileira, fechou em alta.

Veja abaixo o resumo dos mercados.

Dólar

O dólar recuou 0,58%, cotado a R$ 6,0469. Na mínima do dia, chegou a R$ 6,0185. Veja mais cotações.

Com o resultado, acumulou:

  • queda de 0,40% na semana
  • ganho de 0,77% no mês;
  • avanço de 24,61% no ano.

Na véspera, a moeda norte-americana avançou 0,18%, cotado a R$ 6,0820, em um novo recorde nominal.

Ibovespa

O Ibovespa fechou alta de 0,80%, aos 128.228 pontos.

Com o resultado, acumulou:

  • avanço de 1,81% na semana
  • alta de 2,04% no mês;
  • recuo de 4,44% no ano.

Na véspera, o índice subiu 1%, aos 127.210 pontos.

Entenda o que faz o preço do dólar subir ou cair

Entenda o que faz o preço do dólar subir ou cair

O que está mexendo com os mercados?

O principal destaque desta terça-feira ficou com a divulgação do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de novembro, a inflação oficial do país.

O indicador subiu 0,39% em novembro, uma desaceleração em comparação ao observado em outubro, quando o índice subiu 0,56%. Mas o resultado ainda veio acima do que era esperado pelos economistas do mercado financeiro, que projetavam uma alta de 0,34% do indicador para o mês.

O resultado foi influenciado pelas altas no grupo de Alimentação e bebidas (1,55%), após aumento nos preços das carnes (8,02%), no grupo de Transportes (0,89%), que foi impulsionado pela alta nos preços das passagens aéreas (22,65%) e no grupo de Despesas pessoas (1,43%), diante do avanço visto no cigarro (14,91%).

Com o resultado, o IPCA acumula uma alta de 4,29% no ano, o que o aproxima do teto da meta de inflação para este ano, de 4,50%. Em 12 meses, o avanço é de 4,87%, já acima do limite da meta.

Além disso, ao longo da tarde de segunda-feira, cresceram as dúvidas em relação à aprovação do novo pacote de corte de gastos do governo federal. O receio do mercado é que o governo não consiga votos suficientes no Congresso para aprovar o pacote fiscal ainda este ano.

Como forma de agilizar a aprovação, o governo federal planeja liberar R$ 3,2 bilhões em emendas PIX.

A liberação é vista como essencial para viabilizar o apoio parlamentar e garantir a tramitação das medidas fiscais. O governo já tinha sinalizado para o Congresso, na semana passada, a liberação de R$ 7,8 bilhões em emendas impositivas.

A estratégia também é uma tentativa do Palácio do Planalto de acalmar os parlamentares diante da decisão do ministro Flávio Dino, do Supremo Tribunal Federal (STF), de rejeitar o recurso apresentado pela Advocacia-Geral da União para reconsiderar as exigências sobre a liberação das emendas.

As emendas são um elemento-chave nas negociações. Sem elas, parlamentares têm demonstrado resistência em avançar com a análise dos projetos do pacote, que ainda não têm relatores definidos. Além disso, uma PEC que deveria ser apensada a outra proposta para acelerar o trâmite continua parada devido ao impasse.

Parlamentares têm pressionado para que as emendas sejam pagas sem as novas exigências impostas pelo STF.

Entre os pontos mais sensíveis estão a necessidade de apresentar um plano de trabalho antes do pagamento das emendas PIX e a obrigatoriedade de identificação nominal nas indicações de emendas de comissão. Essas mudanças geraram insatisfação, pois diferem do modelo tradicional defendido pelo Congresso.

Enquanto isso, conforme mostrou o blog do Camarotti, articuladores políticos do governo já admitem que o "preço" para a aprovação do pacote fiscal aumentou muito nos últimos dias. E não se restringe mais à liberação de emendas.

Há um reconhecimento de que, além da pressão para que o governo atue no Supremo para a flexibilização da decisão do ministro Flávio Dino – que coloca novas condições de transparência para as emendas –, vários partidos começam a cobrar espaços no governo dentro de uma reforma ministerial.

No exterior, o foco fica com a inflação ao consumidor dos Estados Unidos, também prevista para esta semana e uma das principais variáveis consideradas pelo Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) para a condução de juros do país.

Na última sexta-feira, os novos dados do payroll, relatório de emprego dos EUA, indicaram que a criação de vagas de trabalho na maior economia do mundo acelerou em novembro, depois de ter sido severamente afetada por furacões e greves.

Ainda assim, o cenário não indica uma mudança material nas condições do mercado de trabalho norte-americano, que continuam a enfraquecer de forma constante e devem permitir um novo corte da taxa de juros pelo Fed.

Foram 227 mil vagas de emprego abertas fora do setor agrícola no mês passado, enquanto a taxa de desemprego subiu para 4,2%.

"É pouca coisa, mas pelo menos deu conforto para o mercado financeiro, de que o mercado de trabalho dos Estados Unidos não volta a superaquecer e está relativamente tranquilo", disse o economista-chefe da XP Investimentos, Caio Megale, durante live nesta segunda-feira.

Ainda assim, diz o economista, o cenário para 2025 deve ficar um pouco mais complicado para o BC norte-americano, uma vez que apesar das sinalizações de uma desaceleração da economia e da inflação, ambas as métricas ainda estão fora do que é ideal para o Fed.

"A partir do ano que vem, cada decisão será uma decisão aberta", diz Megale.

Além disso, também fica no radar dos investidores o maior protecionismo previsto para a economia norte-americana com a chegada do presidente eleito, Donald Trump, no próximo ano.

Neste final de semana, Trump voltou a indicar que deve aumentar tarifas para a China e para outros parceiros comerciais dos EUA. Ele ainda sinalizou que vai proteger a indústria local mesmo que isso gere mais inflação na maior economia do mundo.

*Com informações da agência de notícias Reuters

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