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Por Thiago Resende, TV Globo — Brasília


O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central decidiu, nesta quarta-feira (06), elevar a taxa Selic de 10,75% ao ano para 11,25% ao ano. O placar da reunião do Copom foi unânime.

Com o aumento de 0,5 ponto percentual na taxa básica de juros, o Banco Central passa a adotar uma dose mais elevada para combater a inflação.

A decisão desta quarta representa a maior alta dos juros básicos desde maio de 2022 – ou seja, em dois anos e meio.

"O ambiente externo permanece desafiador, em função, principalmente, da conjuntura econômica incerta nos Estados Unidos, o que suscita maiores dúvidas sobre os ritmos da desaceleração, da desinflação e, consequentemente, sobre a postura do Fed [Banco Central americano]", diz a nota.

A Selic estava em 13,75% ao ano em julho do ano passado. Depois, o Banco Central deu início a um ciclo de cortes. Em junho de 2024, o Copom passou a decidir pela estabilidade da taxa, em 10,5% ao ano.

Mas, em setembro, o Banco Central anunciou o primeiro aumento de juros neste mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Portanto, a alta desta quarta-feira é a segunda consecutiva.

O Copom

O Copom é formado pelo presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, e por oito diretores da autarquia.

A Selic é o principal instrumento de política monetária utilizado pelo BC para controlar a inflação. A taxa influencia todas as taxas de juros do país, como as taxas de juros dos empréstimos, dos financiamentos e das aplicações financeiras.

Expectativa do mercado

O mercado financeiro já esperava esse aumento de 0,5 ponto percentual da Selic na reunião desta quarta.

Para o fechamento de 2024, a estimativa do mercado para o juro básico da economia é de 11,75% ao ano, de acordo com relatório "Focus", divulgado nesta segunda-feira (16) pelo Banco Central. A pesquisa é feita com mais de 100 instituições financeiras.

Portanto, o mercado prevê que haverá mais altas para a taxa Selic no restante deste ano.

Comunicado

Em nota, o Copom citou, além das incertezas em relação à economia dos Estados Unidos, que acompanha “com atenção como os desenvolvimentos recentes da política fiscal impactam a política monetária e os ativos financeiros”.

O governo prepara um plano de corte de despesas. Ainda não há definição do tamanho dessas medidas nos gastos públicos.

O texto divulgado após a decisão destaca que a percepção dos agentes econômicos sobre o cenário fiscal tem “afetado, de forma relevante, os preços de ativos e as expectativas dos agentes, especialmente o prêmio de risco e a taxa de câmbio”.

A expressão “de forma relevante” não estava no comunicado das reuniões anteriores.

“O Comitê reafirma que uma política fiscal crível e comprometida com a sustentabilidade da dívida, com a apresentação e execução de medidas estruturais para o orçamento fiscal, contribuirá para a ancoragem das expectativas de inflação e para a redução dos prêmios de risco dos ativos financeiros, consequentemente impactando a política monetária”, diz o comunicado.

Antes, o Copom não havia citado ainda o trecho de apresentação de medidas estruturais para as contas públicas.

Efeito dólar

Nesta quarta-feira, o dólar inverteu o sinal positivo visto pela manhã e fechou em queda, a R$ 5,67.

No entanto, os últimos dias foram de valorização da moeda americana. Na comparação com o início do ano, o dólar subiu 16,93%. Segundo analistas, esse é mais um fator a pressionar a inflação.

De maneira geral, a taxa de câmbio pode ter influência nos preços domésticos em diferentes frentes, como por meio da importação de produtos e insumos ou mesmo pela equiparação dos preços praticados no Brasil com o mercado internacional.

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Além disso, o mercado tem esperado um anúncio de corte de gastos. O plano está em estudo pelo governo, mas ainda não tem data para ser apresentado.

O objetivo é manter de pé o arcabouço fiscal, a regra atual para as contas públicas — sem a qual cresce a percepção de descontrole fiscal e alta maior no endividamento.

Próximos passos

Em comunicado, o Copom continua mencionando um ciclo de aperto, mas sem deixar claro quais serão as próximas etapas. A tendência vai depender do comportamento da inflação.

“O ritmo de ajustes futuros na taxa de juros e a magnitude total do ciclo de aperto monetário serão ditados pelo firme compromisso de convergência da inflação à meta e dependerão da evolução da dinâmica da inflação, em especial dos componentes mais sensíveis à atividade econômica e à política monetária, das projeções de inflação, das expectativas de inflação, do hiato do produto e do balanço de riscos”, diz o texto.

Nova reunião em dezembro

O Copom costuma se reunir a cada 45 dias para definir o patamar da Selic. Em 2024, o colegiado vai se reunir mais uma vez, nos dias 10 e 11 de dezembro.

Novo presidente do BC

O segundo aumento consecutivo da Selic acontece após a aprovação do economista Gabriel Galípolo, atualmente diretor de Política Monetária da instituição, para o comando do BC a partir de 2025.

Ele foi sabatinado e aprovado pelo Senado no início de outubro.

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