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O dólar inverteu o sinal positivo visto na primeira metade do pregão e fechou em queda nesta segunda-feira (21).
O maior apetite por risco veio após o presidente do Banco Central do Brasil (BC), Roberto Campos Neto, voltar a reforçar a importância das medidas fiscais para um afrouxamento da política monetária brasileira.
Investidores ainda repercutiram os novos dados trazidos pelo Boletim Focus — relatório que reúne as projeções dos economistas para os principais indicadores econômicos do país —, que elevou a expectativa de inflação neste ano para 4,5%, no limite da meta.
No exterior, notícias sobre a economia chinesa continuaram no radar do mercado, após o governo local ter reduzido mais uma vez suas taxas de juros. Outras divulgações marcadas para esta semana no Brasil e no mundo também devem ficar nos holofotes ao longo desta semana.
O Ibovespa, principal índice acionário da bolsa de valores brasileira, encerrou em queda.
Veja abaixo o resumo dos mercados.
Dólar
Ao final da sessão, o dólar recuou 0,14%, cotado a R$ 5,6903. Na máxima do dia, chegou a R$ 5,7351. Veja mais cotações.
Com o resultado, acumulou:
- recuo de 0,14% na semana;
- avanço de 4,47% no mês;
- ganho de 17,27% no ano.
Na última sexta-feira (18), a moeda norte-americana subiu 0,68%, a R$ 5,6983.
Ibovespa
Já o ibovespa encerrou com um recuo de 0,11%, aos 130.362 pontos.
Com o resultado, acumulou:
- queda de 0,11% na semana;
- perdas de 1,10% no mês;
- recuo de 2,85% no ano.
Na sexta, o índice caiu 0,22%, aos 130.499 pontos.
O que está mexendo com os mercados?
A participação do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, em um evento da Investment Association, em São Paulo, ficou na mira dos investidores nesta segunda-feira.
Durante o evento, o banqueiro central voltou a reforçar que a adoção de metas fiscais pelo governo é importante para que a instituição consiga baixar os juros, destacando que pessoas estão questionando a transparência das contas públicas e que uma percepção de choque fiscal pode gerar impacto positivo sobre as avaliações do mercado.
"Estavam falando sobre reforma administrativa, havia uma expectativa de que depois das eleições nós veríamos algumas medidas. Isso é muito importante para nós no Banco Central podermos baixar as taxas de forma sustentável", disse Campos Neto.
"Nossa missão é atingir a meta de inflação, e é muito difícil fazer isso quando há uma percepção de que o fiscal não está ancorado", completou o banqueiro central.
Campos Neto ainda falou que o mercado de crédito segue expandindo em concessões e com reduções de taxas e disse que o mercado de trabalho apertado pode trazer preocupações para a inflação e, consequentemente, para a condução dos juros.
As falas do presidente do BC vêm apenas duas semanas antes da próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) e aumentam a pressão sobre o governo em relação às contas públicas.
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Na agenda, o mercado ainda repercutiu a nova edição do Boletim Focus, que mostrou uma nova alta nas expectativas de inflação do mercado financeiro para este ano. A previsão foi de 4,39% na semana passada para 4,50% nesta segunda-feira, na 3ª alta consecutiva das projeções.
A meta de inflação do BC para 2024 é de 3%, e para ser considerada formalmente cumprida deve ficar em um intervalo entre 1,50% e 4,50%, no máximo. Assim, se as expectativas do mercado se concretizarem, a inflação pode encerrar o ano no limite da meta.
Vale lembrar que novos dados de inflação são esperados para esta semana e também devem ficar no radar dos investidores.
Também houve um aumento nas projeções para o PIB brasileira neste ano. Agora, o Focus apresenta uma estimativa de crescimento de 3,05% para a economia. Enquanto isso, a taxa de câmbio esperada até o final do ano é de R$ 5,42.
A projeção para a Selic, taxa básica de juros da economia, permaneceu inalterada, em 11,75% ao ano.
Hoje, os juros estão em 10,75%, depois do BC iniciar um novo ciclo de altas em sua última reunião, em setembro. O mercado espera novas altas, à medida que a economia brasileira mostra um crescimento acima do esperado, o que pode pressionar a inflação pelo lado da demanda.
Cenário Internacional
Já no exterior, o Banco Popular da China (PBoC) voltou a reduzir suas taxas de juros, para tentar estimular a economia enfraquecida do país.
Na semana passada, o resultado do PIB mostrou que o país está desacelerando. A segunda maior economia do mundo cresceu 4,6% no segundo trimestre em relação ao mesmo período do ano passado. Apesar do avanço, foi menor do que o registrado no segundo trimestre, quando o crescimento foi de 4,7%, abaixo do que previa a maioria dos economistas.
Na tentativa de reverter esse cenário, o BC chinês cortou as taxas básicas de juros (LPR), que é a referência para a maioria dos empréstimos no país, em 0,25 ponto percentual, em linha com o que o Governador Pan Gongsheng (autoridade do banco) já havia sinalizado.
Em relatório, analistas da XP Investimentos destacam que Gongsheng também pode reduzir a porcentagem de reservas obrigatórias para os bancos comerciais no quarto trimestre. "Recentemente, o PBoC e o Ministério da Habitação introduziram uma série de medidas para aliviar os encargos financeiros dos proprietários e recuperar a confiança do público".
"Em setembro, o banco central da China iniciou as suas medidas de estímulo mais agressivas desde a pandemia, incluindo medidas para apoiar o setor imobiliário em dificuldades e impulsionar o consumo. Estas medidas deverão impulsionar a atividade no curto prazo, embora a recuperação econômica continue lenta", destaca a XP.
Ainda no cenário internacional, o mercado também segue de olho na corrida presidencial norte-americana e no desenrolar do conflito no Oriente Médio.
Na semana, a expectativa é pela divulgação de novos dados de atividade econômica nos EUA e balanços corporativos de gigantes de tecnologia. O evento semestral do Fundo Monetário Internacional (FMI) e do Banco Mundial, que reúnem autoridades políticas e econômicas do mundo inteiro para discutir questões atuais, também deve ser monitorado pelos investidores.