A economia brasileira deve registrar crescimento de 2,5% no terceiro trimestre deste ano em comparação a igual período do ano passado, disse nesta segunda-feira (2) o ministro da Fazenda, Guido Mantega.
"O crescimento do PIB no terceiro trimestre sobre o terceiro trimestre de 2012 está projetado em 2,5%", disse o ministro.
Mantega, que participa na manhã desta segunda-feira do seminário "Brasil: uma visão de 10 anos", comentou ainda que a economia está se recuperando gradualmente e que o investimento tem ganhado vigor.
Os dados oficiais sobre o PIB serão divulgados na terça-feira (3) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), bem como possíveis revisões de leituras anteriores sobre a atividade econômica.
Na semana passada, a presidente Dilma Rousseff também falou sobre dados ainda não divulgados do PIB. Segundo a presidente, o PIB de 2012, que ficou em 0,9%, foi revisado para 1,5%.
O ministro fez essas avaliações mais positivas sobre o ritmo de atividade do país considerando que as economias dos Estados Unidos e da Europa mostram sinais mais claros de recuperação.
Combustíveis
O governo pode voltar a cobrar a Cide sobre os combustíveis para melhorar suas receitas mas, no contexto atual, a prioridade é a inflação, disse Mantega.
"Poderemos no momento oportuno voltar com a Cide. Para mim, é um grande sacrifício tirar a Cide", disse Mantega, informando que a receita gerada pelo tributo é superior a 10 bilhões de reais. "Se eu fizer uma pesquisa, acho que inflação será prioridade máxima. Ninguém quer deixar a inflação voltar", acrescentou o ministro.
Na noite de sexta-feira, a estatal Petrobras, na qual Mantega é presidente do conselho de Administração, anunciou reajuste de 4% no preço da gasolina nas refinarias e de 8% no diesel.
Atualmente, a alíquota da Contribuição de Intervenção sobre no Domínio Econômico (Cide) sobre os combustíveis está zerada e, em outros momentos, ela foi usada para segurar o repasse do aumento de preços para o consumidor final.
Para Mantega, a inflação deve ficar mais acomodada nos próximos anos e projetou que, nos próximos dez anos, ela pode ter média de 4%, mas que dependerá da evolução do investimento e da produtividade.
"A acho que temos condições de recolocar a Cide. Não agora, evidentemente, mas a inflação dá sinais de ficar mais bem comportada. Vamos ver no próximo ano e, quando conseguirmos reconstituir a Cide, ficaremos todos felizes", afirmou Mantega.
Primário 'sólido'
Mantega disse ainda que deve-se esperar para os próximos anos superávit primário "sólido", sem citar metas específicas, preferindo dizer que os superávits tendem a ser aqueles suficientes para manter em queda a relação dívida pública frente ao PIB.
O desempenho da política fiscal e o baixo crescimento da economia são uma das principais fontes de crítica dos agentes econômicos ao governo da presidente Dilma Rousseff.
Em 12 meses encerrados em outubro, o setor público consolidado (governo central, Estados e municípios e estatais) fez superávit primário de 1,44% do PIB, o pior desempenho para o período desde 2009 e distante da meta ajustada de 2,3% do PIB, numa forte indicação de descumprimento da meta fiscal proposta.