O dólar se firmou em queda após chegar ao patamar de R$ 3,45 nesta quarta-feira (15) após o governo anunciar que vai propor prazo de vinte anos para a regra de limite do crescimento dos gastos do governo.
Mais cedo, a moeda operou com instabilidade, com investidores aguardando a decisão do Federal Reserve, banco central norte-americano, sobre os juros nos Estados Unidos. Nesta tarde, foi anunciada a manutenção da taxa.
Às 16h10, a moeda norte-americana caía 0,36%, a R$ 3,4676 na venda. Veja a cotação do dólar hoje.
Segundo a Reuters, o dólar chegou a subir 0,6%, a R$ 3,5019, após a divulgação de delação premiada citando o presidente em exercício Michel Temer. Mas o avanço se esvaiu em seguida, e a moeda voltou a ser operada em queda.
O ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado afirmou, em delação premiada, que Temer teria pedido recursos ilícitos para campanha de Gabriel Chalita (PMDB) à prefeitura de São Paulo.
Acompanhe a cotação ao longo do dia:
Às 9h10, queda de 0,46%, a R$ 3,4639
Às 10h10, alta de 0,42%, a R$ 3,4948
Às 11h, queda de 0,1%, a R$ 3,4765
Às 11h40, queda de 0,31%, a R$ 3,4691
Às 12h20, queda de 0,02%, a R$ 3,4791
Às 13h19, queda de 0,7%, a R$ 3,4556
Às 14h, queda de 0,64%, a R$ 3,4577
Às 14h37, queda de 0,28%, a R$ 3,47
Às 15h50, queda de 0,59%, a R$ 3,4594
O governo enviará ao Congresso Nacional uma proposta de emenda constitucional que institui um teto para os gastos públicos por um período de 20 anos. Durante os primeiros nove anos o limite não poderá ser modificado, mas a partir do décimo ano poderão ser apresentadas alterações nesses limites. Pela regra, o presidente do país, no décimo ano da medida, poderá enviar projeto de lei ao Congresso propondo a criação de uma nova regra para ajuste do teto das despesas.
"(O limite do crescimento do gasto) é uma medida boa, melhor do que parecia. Agora é preciso ver como o Congresso vai lidar com isso", disse à Reuters o operador da corretora Renascença Thiago Castellan Castro.
Decisão do Fed
O banco central dos Estados Unidos (Federal Reserve) confirmou as expectativas de analistas e decidiu manter as taxas de juros do país entre 0,25% e 0,50%, mas passou a projetar crescimento econômico mais baixo do que na projeção anterior. Além disso, indicou que vai ser menos agressivo ao elevar os juros após o fim deste ano.
Uma trajetória mais gradual de aumentos de juros nos EUA tende a favorecer ativos emergentes, que oferecem rendimentos financeiros mais elevados.
Preocupações fiscais
A moeda também reage as mudanças na política fiscal brasileira. O governo interino de Michel Temer estabeleceu prazo de 20 anos (ajustáveis depois de dez anos) para o projeto que limita o crescimento dos gastos públicos.
A notícia vem em meio a sinais mistos sobre o cenário político brasileiro. Na véspera, o Comitê de Ética da Câmara dos Deputados aprovou parecer pela cassação do mandato do presidente afastado da Casa, Eduardo Cunha (PMDB-RJ). Além disso, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Teori Zavascki negou a prisão do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), e do senador Romero Jucá (PMDB-RR).
Os movimentos geraram interpretações variadas no mercado, com alguns afirmando que o governo Temer mantém sua base de apoio no Congresso Nacional mas, por outro lado, que mais denúncias podem vir à tona.
"O mercado também está esperando com os olhos grudados no terminal para ver se o Cunha vai cair matando e em quem vai mirar", disse à Reuters o operador de uma corretora nacional.
Último fechamento
Após chegar a bater R$ 3,51, o dólar perdeu força e acabou terminando o dia em leve queda na terça-feira (15), interrompendo uma sequência de 3 altas seguidas, em mais um dia de preocupações no cenário externo e aversão ao risco. O dólar fechou em queda de 0,19%, a R$ 3,48 na venda.