Por Gabriel Luiz, G1 DF


Lixão da Estrutural, em Brasília — Foto: Dênio Simões/Agência Brasília

Maior da América Latina e segundo maior do mundo, o Lixão da Estrutural – a 15km da Praça dos Três Poderes – deve ser desativado neste sábado (20). O G1 explica o que isso implica, e qual o caminho que o lixo da sua casa vai fazer a partir de agora.

Mapa mostra localizações do lixão da Estrutural e do novo aterro sanitário de Brasília — Foto: Roberta Jaworski/G1

Caminho do lixo

Lixo indiferenciado: é o lixo que não pode ser reciclado. Nesta categoria entra o lixo orgânico e, em um sentido mais amplo, o lixo “molhado”. Isso porque, mesmo que um material seja reciclável, ele não consegue ser “recuperado” quando se mistura a um produto orgânico. É o caso, por exemplo, do papel higiênico.

  • Em que caminhão vai? O lixo que vai no caminhão convencional não será reciclado e fica destinado ao aterro. Ele tem capacidade para receber mais de 20 milhões de toneladas de rejeitos.

Lixo seco: ele vai ser levado a cinco galpões alugados pelo SLU. Nesses locais, cerca de 300 catadores vão trabalhar separando o lixo, com a intenção de vender o material em seguida para ser reaproveitado.

  • Em que caminhão vai? Só serão encaminhados aos galpões os resíduos colocados no caminhão da coleta seletiva. Ou seja, via de regra, mesmo que o morador faça a separação correta do lixo, ele vai acabar indo para o lixão. A destinação correta só acontece se a sacola for para o caminhão correto.

Catadores fazem coleta seletiva em Brasília — Foto: Toninho Tavares/Agência Brasília

E o vidro?

Como não há ninguém em Brasília interessado em reutilizar vidro, ele não é reciclado aqui. Na prática, o material vai acabar indo para o aterro sanitário – por mais que seja um produto "seco".

Onde passa o caminhão da coleta seletiva?

Por enquanto, o caminhão da coleta seletiva só passa nas seguintes regiões:

  • Asa Norte
  • Asa Sul
  • Cruzeiro
  • Sudoeste/Octogonal/SIG
  • Taguatinga
  • Ceilândia
  • Águas Claras
  • Vicente Pires
  • S.C.I.A
  • Park Way (Qd.3, 4 e 5)
  • Guará
  • Lago Norte
  • Noroeste
  • SIA
  • Coleta Seletiva Inclusiva
  • Samambaia
  • Brazlândia
  • Santa Maria
  • Candangolândia/Núcleo Bandeirante

Até fevereiro, as regiões de Sobradinho, Paranoá, Itapoã, São Sebastião, Lago Norte, Varjão, Cruzeiro Velho, Riacho Fundo 1 e 2, Lago Sul também vão contar com o serviço de coleta seletiva.

“É fundamental que o morador faça ele mesmo a segregação [ou seja, separar o que é lixo seco do que é lixo molhado]. Vamos dar ao aterro sanitário um resíduo que tem condição de ser reciclado”, explicou ao G1 o diretor-adjunto do Serviço de Limpeza Urbana (SLU), Silvano Silvério.

SLU explica ida de catadores a galpões

SLU explica ida de catadores a galpões

O que acontece com o lixão?

A partir de agora, apenas resíduos da construção civil – ou seja, entulhos – podem ir até lá. O lixão vai ficar cercado sob cuidados de uma empresa, que também vai garantir a trituração desses rejeitos.

Eles servem, inclusive, para “encobrir” a grande quantidade de material orgânico em decomposição. O gás emitido pelo chorume será queimado para evitar emissão de gases de efeito estufa.

Paralelamente, o SLU está buscando empresas para que ofereçam propostas da melhor solução para o local. As possibilidades incluem o uso do gás para gerar energia, ou a escavação das montanhas de lixo para gerar combustível derivado de resíduos.

Catador no lixão da Estrutural, que existe desde a década de 1960 e fica a 15 quilômetros do Palácio do Planalto — Foto: Paula Fróes/BBC

Quanto custou?

  • R$ 32 milhões na construção do aterro sanitário, que tem validade de duração de até 13 anos
  • R$ 28 milhões para construir, alugar e reformar os galpões
  • R$ 22 milhões com a contratação das cooperativas dos catadores – tanto para o serviço de coleta seletiva quanto para o de triagem.

Esses R$ 22 milhões incluem também os R$ 360 por mês que os catadores vão receber como bolsa fixa. Uma outra parcela deve ser paga a cada catador, baseada na quantidade que ele recicla e consegue revender. O adicional médio, de R$ 300 por tonelada, é pago à cooperativa, que tem o papel de reditribuir os valores.

Um acordo firmado em outubro de 2017 entre cooperativas e governo aumentou o valor do preço pago pela tonelada de lixo. Antes, era de R$ 92. Esse aumento de 226% permitiu ao governo encerrar os conflitos com catadores – que chegaram a organizar diversos protestos contra o fechamento do lixão.

O diretor do SLU, Silvano Silvério, em entrevista ao G1 — Foto: TV Globo/Reprodução

Segundo maior do mundo

“O Lixão da Estrutural é o segundo maior do mundo. Só perde para o lixão de Jacarta, na Indonésia. É um problema social muito grande e ambiental da mesma dimensão. Se a gente partisse para a condição de encerrar o lixão e não realocássemos os catadores, estaríamos criando uma condição social muito grave”, avaliou o diretor-adjunto do SLU, Silvano Silvério.

Ele afirmou ainda que a medida ajuda a garantir renda e condições de trabalho mais salubres a 1,2 mil catadores e o entorno deles. “Vamos tirar 1,2 mil pessoas da condição de eventualmente violência porque não seriam inserida. Estamos falando de quatro horas de trabalho. Depois disso, ele vai poder fazer outra atividade.”

Máquina trabalha no Aterro Sanitário de Samambaia — Foto: Gabriel Jabur/Agência Brasília

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