A Parker Solar Probe estava a cerca de 27,2 milhões de quilômetros da superfície do Sol quando esta imagem foi tirada, em 8 de novembro. O objeto brilhante perto do centro da imagem é Júpiter, e as manchas escuras são resultado da correção de fundo. — Foto: NAsa/NRL/Parker Solar Probe
Semanas após chegar ao ponto mais próximo do Sol já atingido por uma espaçonave da Terra — 27,2 milhões de km de distância —, a sonda Parker Solar Probe (PSP), enviada pela agência espacial americana (Nasa) para estudar o Sol, já começa a transmitir os primeiros dados científicos coletados. A informação foi divulgada pela Nasa nesta quarta-feira (12). A sonda foi enviada em agosto e os dados transmitidos ainda estão sob análise.
Entre 31 de outubro e 11 de novembro, a Parker Solar Probe completou sua primeira fase de aproximação ao Sol pela atmosfera externa (coroa), segundo a agência espacial americana. Em uma das imagens enviadas, é possível ver o brilho de Júpiter em meio aos raios solares (veja imagem acima).
"Os heliofísicos estão esperando há mais de 60 anos para que uma missão como essa seja possível", disse Nicola Fox, diretora da Divisão de Heliofísica da Nasa, em Washington, referindo-se a cientistas que estudam o Sol.
Ilustração mostra uma representação da Parker Solar Probe se aproximando do Sol — Foto: Nasa/Johns Hopkins APL/Steve Gribben
O objetivo da missão é tentar esclarecer três questões principais sobre a física do Sol:
- Como é que a atmosfera exterior ao Sol, chamada de coroa, é cerca de 300 vezes mais quente que a camada de superfície visível logo abaixo?
- Como o vento solar é acelerado tão rapidamente?
- Como algumas das partículas mais energéticas do Sol se afastam a mais da metade da velocidade da luz?
Para decifrar estes mistérios, a Parker Solar Probe leva a bordo quatro instrumentos para captar dados. A sonda, do tamanho de um carro, foi projetada para enfrentar altíssimas temperaturas e radiações.
Parker Solar Probe
Parker Solar Probe: Entenda missão da Nasa para explorar o Sol
A Parker Solar Probe deve seu nome a Eugene Parker, o físico que fez a primeira teoria sobre a existência do vento solar, em 1958.
"Esta é a primeira missão da Nasa a ser nomeada por um indivíduo vivo. O revolucionário artigo de Gene Parker previu o aquecimento e a expansão da coroa e do vento solar. Agora, com a Parker Solar Probe, podemos realmente entender o que impulsiona esse fluxo constante até a borda da heliosfera", falou Nicola Fox, diretora da Divisão de Heliofísica da Nasa, em Washington.
A PSP é uma nave única: foi projetada para suportar condições brutais de calor e radiação, com uma blindagem que é resultado de anos de pesquisas. Ela atingirá uma distância sete vezes mais perto do Sol do que qualquer outra espaçonave.
Por isso, ela foi construída com um escudo especial com 11,43 centímetros de espessura. O material deverá suportar temperaturas que passam de 1,3 mil ºC – a superfície do Sol pode chegar a 5,5 mil ºC. A coroa, atmosfera externa, pode ter milhares de graus Celsius.
Influência do Sol
Animação da Nasa mostra ventos solares do nosso Sistema — Foto: Nasa
O vento solar e seu fluxo de material preenchem a parte interna do nosso Sistema Solar, criando uma bolha que envolve os planetas e se estende além da órbita de Netuno, informou a Nasa.
O vento solar carrega consigo o campo magnético do Sol. Outras erupções pontuais de material solar, chamadas ejeções de massa coronal, também carregam esse campo magnético solar – e em ambos os casos, esse material magnetizado pode interagir com o campo magnético natural da Terra e causar tempestades geomagnéticas.
Essas tempestades podem provocar a aurora ou mesmo quedas de energia, e outros tipos de atividade solar podem causar problemas de comunicação, perturbar a transmissão via satélite e até mesmo pôr em perigo os astronautas – especialmente além da bolha protetora do campo magnético da Terra.
"A Parker Solar Probe está nos fornecendo as medidas essenciais para entender os fenômenos solares que nos intrigam há décadas", disse Nour Raouafi, cientista do Parker Solar Probe no Laboratório de Física Aplicada da Universidade Johns Hopkins em Laurel, Maryland.
"Para fechar o link, a amostragem local da coroa solar e do vento solar jovem é necessária e a Parker Solar Probe está fazendo exatamente isso."
Parker Solar Probe, missão da Nasa para o Sol — Foto: Claudia Ferreira/G1