E vieram dos Estados Unidos duas notícias preocupantes para a economia brasileira. O Banco Central americano subiu a taxa de juros depois de quase dez anos, o que pode atrair mais investidores para lá. No mesmo dia, mais uma agência de classificação de risco, a Fitch, retirou do Brasil o selo de bom pagador.
"Brasil cortado para lixo pela Fitch" foi a manchete do noticiário de economia nos Estados Unidos. Segundo o Wall Street Journal, com a perda do grau de investimento os investidores institucionais, como os fundos de pensão, serão obrigados a vender suas carteiras de títulos brasileiros.
O jornal calcula que a perda chegue a US$ 1,6 bilhão. O governo brasileiro terá que pagar mais para conseguir empréstimos. Foi um duro golpe para a presidente Dilma Rousseff em meio à análise do pedido para a abertura de um processo de impeachment, conclui o principal jornal do mundo financeiro americano.
A diretora da agência Fitch, Shelly Shetty, disse em entrevista à Rede Globo em Nova York, que a incerteza política foi um dos principais fatores para a perda do grau de investimento.
Outro fator foi o aprofundamento da recessão econômica.
"Estamos prevendo uma recessão próxima a 4% este ano e outra retração econômica de 2,5% no ano que vem", disse ela, completando: "a contínua incerteza política pesa contra a confiança no Brasil".
O rebaixamento dos títulos do governo brasileiro coincidiu com outra má notícia, não só para o Brasil, mas para todas as economias emergentes: o Federal Reserve, o Banco Central americano, elevou a taxa básica de juros pela primeira vez em nove anos.
A presidente do FED, Janet Yellen, disse que essa é uma boa notícia para os americanos, porque assinala o fim de um ciclo, iniciado com a recessão de 2008, durante o qual o FED manteve os juros muito baixos para estimular a retomada do crescimento.
A elevação da taxa mostra a confiança na economia americana. Mas a medida incentiva a fuga de capitais que estavam aplicados nos mercados emergentes. E é um fator que tende a aumentar a cotação do dólar.