Blog da Doutora Ana Escobar

Por Ana Escobar


Jovem fuma cigarro eletrônico enquanto fala ao celular em Buenos Aires; público jovem é o mais vulnerável aos atrativos do dispositivo — Foto: REUTERS/Marcos Brindicci

Foi recentemente publicado na revista científica "European Respiratory Journal" a descrição do primeiro caso de uma mulher que desenvolveu um tipo raro de pneumonia associada à inalação por metal identificada como “pneumonia intersticial de células gigantes” ou “pulmão de cobalto” em consequência do uso de cigarro eletrônico com maconha.

Esta condição é rara e apenas observada entre os trabalhadores da indústria expostos a metal duro como o cobalto, por exemplo.

A paciente em questão havia feito uso de cigarro eletrônico com maconha nos 6 meses que antecederam o diagnóstico da doença. Os testes do e-líquido utilizado no vaping revelaram cobalto.

Os pesquisadores afirmaram que o metal poderia ter sido liberado do invólucro do reservatório ou da serpentina de aquecimento do cigarro pelas altas temperaturas necessárias para aerossolizar a maconha.

A paciente apresentava diminuição importante da capacidade pulmonar à admissão e a biópsia do pulmão confirmou o diagnóstico deste tipo de pneumonia associado ao cobalto. Chama-se pneumoconiose por metal duro. Ela recebeu um tratamento intensivo por 3 meses e não recuperou a função pulmonar com plenitude.

O cigarro tradicional faz muito mal para a saúde. Todos sabem disso e, não obstante o conhecimento amplamente divulgado e todas fotos terríveis das embalagens, as pessoas continuam fumando. Opção de cada um.

Estamos conhecendo o e-cigarro agora. Seu uso disseminou-se rapidamente nos últimos tempos, principalmente entre os jovens. Virou moda e muitos acreditam que o vaping envolve um certo “glamour”. Além disso, há muitas opções de aromas e sabores e a propaganda diz que ajuda a parar de fumar o cigarro tradicional.

Com o uso amplo, os efeitos colaterais não tardaram a aparecer. Um destes efeitos mais nocivos foi uma pneumonia grave que acometeu mais de 2000 pessoas nos Estados Unidos, até novembro deste ano, das quais 40 morreram. Este tipo de pneumonia foi associado ao acetato de vitamina E, utilizado para diluir a maconha nos cigarros.

Agora entendemos que o cigarro eletrônico pode causar um outro tipo de pneumonia – a pneumoconiose por metal duro – que deixa sequelas permanentes na função pulmonar; o que compromete e limita consideravelmente o resto da vida da pessoa acometida.

Não é incrível pensar que em uma época onde a maioria das pessoas lúcidas do planeta estão preocupadas com os efeitos climáticos sobre a vida e o futuro de todos ainda haja pessoas que, por livre e espontânea vontade, por glamour ou prazer, aspirem substâncias tóxicas em grandes quantidades para dentro dos próprios pulmões?

VÍDEOS SOBRE CIGARRO ELETRÔNICO

Veja vídeos do Bem Estar sobre o tema:

Cigarro eletrônico é tão ruim quanto o tradicional

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Teste mostra que índice de nicotina em cigarro eletrônico é o mesmo do cigarro comum

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Doutora Ana Responde: Cigarro eletrônico ajuda a parar de fumar?

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