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Justiça do Rio considera que Adele plagiou música interpretada por Martinho da Vila e determina retirada das plataformas digitais

A 6ª Vara Empresarial do Rio de Janeiro proibiu os réus de utilizar, reproduzir, editar, distribuir ou comercializar a música 'Million Years Ago' em todo o mundo. A pena é de R$ 50 mil por ato de descumprimento
Foto: Reprodução
Foto: Reprodução

A Justiça do Rio de Janeiro considerou que a cantora britânica Adele plagiou uma música interpretada por Martinho da Vila e determinou que a canção seja retirada das plataformas digitais.

Se a música da cantora britânica Adele soa familiar é porque você pode ter se lembrado de uma outra canção, lançada 20 anos antes, sucesso na voz de Martinho da Vila. Foi uma surpresa quando Toninho Geraes, o compositor da música "Mulheres", ouviu a cantora Adele cantar "Million Years Ago".

"Eu fiquei estupefato. Porque tomei conhecimento e fiquei assim, sem saber o que fazer. Quase uma versão, praticamente uma versão", afirma o cantor e compositor Toninho Geraes.

O advogado do compositor notificou a cantora, um compositor que trabalha com ela e duas gravadoras em 2021. A intenção era fazer um acordo para que Toninho recebesse direitos autorais e tivesse a coautoria reconhecida. Não houve resposta.

O artista, então, reuniu provas para alegar que se tratava de plágio e entrou na Justiça em fevereiro de 2024. Agora, em decisão liminar, a 6ª Vara Empresarial do Rio de Janeiro proibiu os réus de utilizar, reproduzir, editar, distribuir ou comercializar a música "Million Years Ago" em todo o mundo. A pena é de R$ 50 mil por ato de descumprimento.

"Começo a sentir o gosto de justiça. Porque fica parecendo que o nosso país, nossos músicos, nossas obras estão à mercê de qualquer um para chegar e fazer bagunça. A gente é um país sério. Então, a nossa Justiça é séria. Eu acredito que foi o primeiro passo foi a decisão agora da Justiça", diz Toninho Geraes.

O músico e pesquisador Henrique Cazes diz que a comprovação do plágio não é simples, ainda mais quando são músicas de estilos bem diferentes: um samba e uma balada.

"Embora isso seja a sensação que a gente tenha, tecnicamente essa coincidência exata de ser igualzinho, não é igualzinho. A prova técnica teria que realmente descer ao detalhe. Então, é muito difícil. É por isso que se busca, na maior parte das vezes, um acordo que indeniza aquele que se sente prejudicado e que não tira as obras de circulação", afirma Henrique Cazes, músico, produtor musical e pesquisador.

Entre as provas apresentadas à Justiça está um vídeo com as duas músicas sendo interpretadas pela mesma cantora. As versões são sobrepostas. O juiz afirma que a sobreposição de áudios é um forte indício de quase integral consonância melódica. Os réus podem recorrer da decisão.

Os ouvidos mais apurados acham difícil ser mera coincidência.

"Ela é tão parecida que parece que a única diferença que existe é a questão da inflexão, da entonação do próprio idioma", diz Paulão Sete Cordas, músico e produtor musical.

A liminar da Justiça proibindo a execução da música "Million Years Ago" já está valendo, mas a multa só vai incidir a partir do momento em que as plataformas digitais de áudio forem notificadas.

Os advogados do compositor disseram que vão monitorar os sites e plataformas de música para que eles cumpram a decisão. O compositor deixa claro que não quer guerra com ninguém. Toninho Geraes só quer reconhecimento e espera chegar a um acordo com a diva britânica:

"Por que não fizeram isso comigo: chamar para conversar? Espero um acordo".

As gravadoras não responderam aos contatos da reportagem.

Fonte: Jornal Nacional

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